Nos últimos anos, mudanças culturais e econômicas têm feito a demanda por café na Ásia crescer. A China, que possui mais de 1,411 bilhão de habitantes, é o grande "drive" da expansão do consumo. Por conta disso, os preços altos do café vão persistir e devem ficar ainda mais cara.
Nunca houve tanto consumo de café no mundo, especialmente com a popularidade crescente da bebida na Ásia. Some-se a isso safras castigadas pelo clima nos maiores produtores globais, incluindo o Brasil, que lidera a produção mundial e as exportações.
Segundo a Organização Internacional do Café, o consumo chinês passou de 231 mil sacas de 60 kg em 2002 para 2,8 milhões em 2022. Esse aumento é atribuído à expansão de cafeterias nas grandes cidades e à crescente popularidade do café entre os jovens chineses.
Desde 2021, parte da produção brasileira foi dizimada primeiro por geada e, nos últimos três anos, por secas nos estados produtores.
O país produziu 63 milhões de sacas em 2020 e, no ano passado, somente 54 milhões, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Após apanhar do clima, muitos produtores reduziram suas áreas plantadas, consolidando a tendência de colheitas menores. A cada dez xícaras de café consumidas no mundo todo, quatro foram servidas a partir de grãos colhidos nos cafezais brasileiros.
O preço médio do quilo do café no varejo quase dobrou nos últimos 12 meses, segundo a Abic (Associação Brasileira das Indústrias de Café). Foi de R$ 29,62 para R$ 56,07.
Estoques em baixa
Além de quebras de safras no Brasil, problemas climáticos também provocaram a redução da produção no Vietnã (2º maior produtor) e na Indonésia (o 4º).
Em 2024, o fenômeno El Niño, que provoca o aquecimento das águas do oceano Pacífico, tornou mais severas as monções no Vietnã, padrões sazonais de ventos que influenciam diretamente o clima do país.
Isso afetou temperaturas, precipitação e produção agrícola, incluindo a do café robusta, uma das principais commodities vietnamitas.
Já a populosa Indonésia (284 milhões de habitantes) mais que dobrou as importações de café brasileiro em 2024. Lá, o El Niño veio em forma de estiagem.