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“Manas” emociona Madrid e consolida o Brasil na disputa pelo Goya 2026

O filme de Marianna Brennand, que aborda a exploração sexual de meninas na Amazônia, conquista mais de 20 prêmios internacionais e se destaca como um dos favoritos para a indicação ao Goya de Melhor Filme Ibero-americano.

Foto: Divulgação |

A capital espanhola viveu ontem uma noite de forte comoção e reflexão social durante a exibição especial de Manas, longa-metragem da diretora Marianna Brennand, escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil na corrida por uma indicação ao Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-americano. A sessão, realizada em Madrid, reuniu representantes da indústria cinematográfica, jornalistas, produtores e membros da comunidade brasileira, que saíram profundamente impactados pela força narrativa e pela urgência do tema retratado.

O filme, que aborda a exploração sexual de meninas na Ilha de Marajó, na Amazônia, foi recebido com silêncio absoluto ao final da projeção daqueles silêncios que dizem mais do que qualquer aplauso. Muitos espectadores deixaram a sala visivelmente emocionados, tomados por uma história que expõe, com sensibilidade e rigor cinematográfico, uma realidade ainda desconhecida ou ignorada por grande parte do público internacional.

Uma obra que atravessa fronteiras

Desde sua estreia, Manas acumula mais de 20 prêmios internacionais, incluindo o principal reconhecimento na Jornada de Autores, mostra paralela do Festival de Veneza 2024. A presença do ator e produtor Sean Penn entre os nomes responsáveis pela produção ampliou ainda mais a visibilidade da obra, apresentada em sessão especial em Los Angeles antes de chegar à disputa espanhola.

A história, filmada com uma fotografia deslumbrante e conduzida com delicadeza pela direção de Brennand, revela violências estruturais, desigualdade social e a vulnerabilidade de meninas que, apesar das adversidades, encontram formas de resistência e força coletiva. Nesse sentido, o impacto da mensagem “manas salvam manas” ecoou com potência entre os presentes.

As produtoras Mariana e Carolina, foram amplamente mencionadas após a exibição como símbolos de uma nova geração de cineastas brasileiras comprometidas não apenas com a estética cinematográfica, mas com o poder transformador da arte. Seu trabalho tem contribuído para dar voz a meninas e mulheres historicamente silenciadas, tanto na Amazônia quanto ao redor do mundo.

A força do cinema brasileiro na Espanha

A indicação de Manas ao Goya reforça um momento particularmente favorável para o cinema brasileiro no circuito internacional. Além do filme de Brennand, a Academia Brasileira de Cinema também anunciou outros dois representantes nacionais para os festivais espanhóis: Kasa Branca, de Luciano Vidigal, e Oeste Outra Vez, de Erico Rassi, que concorrem ao prêmio de Melhor Filme Latino-americano nos Premios José María Forqué, a serem realizados em dezembro, também em Madrid.

A expansão da presença brasileira na temporada de premiações evidencia o reconhecimento global da diversidade narrativa e estética produzida no país que recentemente celebrou a vitória histórica no Oscar com Ainda Estou Aqui, de Walter Salles.

Expectativa para o Goya 2026

A 40ª edição dos Premios Goya acontecerá em fevereiro de 2026, em Barcelona, e a equipe de Manas reúne, até o momento, uma das campanhas mais comentadas entre os filmes ibero-americanos. Crítica, público e profissionais do setor destacam a força dramática da obra, sua relevância social e o rigor técnico que a posiciona entre os favoritos da categoria.

Após a exibição de ontem, a sensação entre muitos presentes era unânime: Manas não é apenas um filme é um manifesto. É cinema que denuncia, que emociona, que transforma. E, acima de tudo, é cinema que honra a capacidade de resistência das meninas e mulheres cujas histórias merecem ser contadas.

Com uma recepção tão calorosa em Madrid, cresce a expectativa de que a produção brasileira não só conquiste a indicação, como avance com força na disputa pelo prêmio.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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