Três policiais militares e um policial civil da Baixada Santista, todos ouvidos, ratificaram a informação que já havia sido passada à polícia civil de Santos de que a morte do sargento da PM, Marcelo Fukuhara, tinha preço estipulado pelos traficantes do Morro do São Bento, ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A organização criminosa teria pago até R$ 500 mil pelo homem chamado de "linha de frente" pelos colegas.
Um cabo da PM e colega de Fukuhara no 6º Batalhão, onde atuava em Santos, descreve o policial assassinado por bandidos na madrugada do último dia 7, na Ponta da Praia. "Ele era um policial linha de frente, atuante, que não media esforços para dar continuidade ao serviço. Nosso comando já sabia das ameaças, mas nunca fizeram nada para ele recuar. Quando o policial é de rua, essas situações estão no sangue. Ele não vai recuar mesmo sob ameaças", conta em troca de anonimato. "Essa questão de recompensa é comentada sempre e geralmente acontece", confirma.
A caça a Fukuhara teria origem na conduta que ele próprio adotava em operações nos Morros do São Bento, Nova Cintra, Santa Maria e Monte Serrat, focos de tráfico de drogas em Santos. No dia 2 de setembro, no Santa Maria, uma operação comandada por ele provocou a morte de três jovens e a apreensão de 57 quilos de maconha, estopim para a reação dos bandidos ainda na mesma semana ao espalhar o prêmio pela morte do policial.
Colegas de Fukuhara também se revoltam com o boato de que o policial poderia ter qualquer tipo de ligação com traficantes. "Ele era muito caxias, não aceitava propina de jeito nenhum. O partido (PCC) queria a cabeça dele por causa disso, o prêmio era acima de R$ 400 mil. Ele derrubou três da última vez que subiu o morro", conta um investigador da polícia civil também ouvido pelo Terra. "Sempre que a polícia faz movimento onde morre algum deles, desarma algum tentáculo muito forte deles, partem para a retaliação. Se tornou uma guerra civil", descreve.