Cobalt da Chevrolet: um carro nascido com preco competitivo

Sedã mira em público cansado dos populares básicos e tem bons argumentos para vender bem

Cobalt: motor 1.4 terá a companhia do 1.8 EconoFlex em 2012 | Divulgação
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Quando um automóvel não agrada, a culpa geralmente recai sobre um indivíduo em especial, o designer-chefe da montadora. É dele o ônus por um acabamento ruim, por um motor fraco e gastão e, claro, por um estilo sem graça.

A constatação simplista está longe da verdade, afinal uma indústria desse gênero emprega milhares de pessoas e a concepção de um veículo passa por uma maratona de testes, avaliações e cálculos que influenciam diretamente no resultado final. E, geralmente, o criador do carro é o mais prejudicado nesse processo, que vê sua cria desfigurada com o tempo.

Vejamos o caso da Chevrolet. Quando a marca lançou o Agile há dois anos não faltaram críticas ao visual desproporcional do hatch nem ao acabamento pobre, mesmo que o modelo tivesse um custo-benefício muito bom e itens de série que quase nenhum rival oferecia na época. De fato, o modelo trazia algumas heranças indesejadas como o eixo de direção deslocado para o centro e algumas peças de modelos como Astra e Classic.

Foi um período duro para a GM, que quase a levou à falência nos Estados Unidos e que transformou a filial brasileira em credora da matriz. Sem dinheiro para projetos mais sofisticados, não restou alternativa a não ser lançar o Agile com o que se tinha pronto na engenharia da empresa.

Agora, a montadora vive uma fase completamente diferente. Saiu fortalecida da crise e voltou a ter dinheiro para investir, tanto assim que nunca em sua história preparou tantas novidades em seu portfólio. É o caso do Cobalt, sedã compacto pelo preço, mas médio pelo porte.

Contemporâneo do Agile

Acreditem, apesar ter chegado no final de 2011, o Cobalt já tem quatro anos de vida. Foi o que revelou Carlos Barba, designer-chefe do braço sul-americano da GM. O sedã teve o desenho definido em 2007, ou seja, na mesma época do Agile e não seria exagero dizer que ambos nasceram sob uma mesma filosofia. Mas, enquanto o hatch foi vítima de um orçamento modesto, o Cobalt se beneficiou de matéria-prima mais selecionada.

Em vez da surrada plataforma do Corsa de 1994, a GSV, Global Small Vehicle, que dará origem também à sucessora das minivans Meriva e Zafira; no lugar das linhas e do para-brisa reto, uma carroceria com Cx (coeficiente aerodinâmico) de 0,32, muito bom para o segmento; e, diferentemente do apagado painel de instrumentos, a ?dupla? velocímetro digital e conta-giros analógico emprestada do compacto Sonic.

E não foi só isso. O Cobalt tem interior de proporções equilibradas, materiais agradáveis ao toque e ergonomia superior. Mesmo sem ajuste de profundidade no volante, a posição de dirigir é facilmente encontrada. A GM, no entanto, destaca o espaço interno do carro, que seria maior que o do Vectra em volume. A impressão a bordo não é tão generosa, mas um bom sinal é o fato de o console central alojar dois porta-objetos bastante largos ao lado do freio de estacionamento.

No banco traseiro vão três pessoas com certo conforto, mas nada parecido com o que oferece o rival Logan. Em compensação, a Chevrolet fez mágica em relação ao porta-malas. Por fora não se imagina que existam 562 litros de volume, cerca de 10% a mais que alguns modelos grandes como o Siena e o Fiesta Sedan.

Fôlego em dúvida

As boas surpresas do Cobalt continuam a surgir quando andamos com o sedã. Engatamos a 1ª marcha e logo percebemos que a alavanca desliza com mais facilidade pelas engrenagens, resultado de uma modernização no sistema ? trata-se do mesmo câmbio de outros pequenos da Chevrolet.

Não exibe a mesma precisão do câmbio MQ-200 da Volkswagen, referência no meio, mas é bastante confortável e deixa a direção prazerosa, sensação reforçada pela direção hidráulica leve e com respostas diretas. O motor é o mesmo 1.4 Econo.Flex do Agile, com 102 cv de potência utilizando etanol e com algumas melhorias na admissão e escape para se tornar mais silencioso.

Com duas pessoas a bordo, o Cobalt mostrou certa desenvoltura, porém, não se pode acreditar nesse fôlego todo com cinco pessoas mais bagagens, situação para a qual o modelo foi projetado. Talvez a vinda do motor 1.8 Econo.Flex sirva como referência de performance. Enquanto isso, o Chevrolet pode penar frente aos demais modelos da categoria, que usam propulsores 1.6 litro, como o Logan, Voyage, Siena e Versa.

Cansados de Prismas e Classics

A GM fez questão de explicar que o Cobalt nasceu para a classe C emergente. São famílias que estrearam entre os carros novos com modelos como o Prisma e o Classic, compactos populares, baratos, mas desprovidos de qualquer conforto ou equipamentos. Segundo a montadora, essa parcela do consumidor deseja carros com acabamento mais refinado, mais espaço interno, itens como direção assistida, vidros elétricos, ar-condicionado e um pós-venda decente.

Daí o Cobalt sair de fábrica com parte desses equipamentos desde a versão mais simples, LS, oferecer conforto, visual mais sofisticado e garantia de três anos. Não por acaso, quase todas as bandeiras do Logan, sedã que desde 2006 buscou mudar os valores desse segmento. A vantagem é que o Chevrolet faz isso com uma boa dose de estilo, aí sim, por mérito do designer, façamos justiça.

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