Durante uma pesquisa em desenvolvimento na costa marinha do estado do Espírito Santo, alguns pesquisadores brasileiros e cientistas da Academia de Ciências da Califórnia (EUA), mapearam uma área considerada até então desconhecida, localizada entre na Costa do Espírito Santo e a Ilha de Trindade, onde encontraram enormes recifes de corais, tubarões, espécies raras de animais marinhos e os mais variados peixes, inclusive espécies ameaçados de extinção.
Os pesquisadores afirmaram que há muito ainda a ser encontrado na região marinha pesquisada, mas que já é possível concluir que pode se tratar de um dos maiores ecossistemas marinhos do mundo. A capital do estado, Vitória, está ligada a Ilha de Trindade, que se localiza a cerca de 1000 quilômetros mar a dentro, por meio de uma cadeia de montanhas submarinas, em que cinco delas foram o alvo do estudo.
De acordo com o coordenador da pesquisa, Hudson Pinheiro, os registros dessa área são os primeiros de um ecossistema intocado. "Sensação maravilhosa de estar encontrando um ambiente que nunca tinha sido mergulhado, conhecido, encontrado por uma pessoa antes, então nós não tínhamos ideia de que íamos encontrar ambientes recififais de alta complexidade. É o ambiente que abriga uma quantidade de peixes enorme comparada com a costa e com outras ilhas oceânicas", explica o coordenador da pesquisa.
Durante o mapeamento da área, foram realizados cerca de 25 mergulhos, entre 20 e 70 metros de profundidade, os pesquisadores estimaram cerca de 200 de espécies marinhas catalogadas, duas delas foram descobertas durante a pesquisa e ainda estão em estudo. A Doutora em Ciência Humanas, Janaína Bumbeer, falou sobre a descoberta positiva com os achados da pesquisa.
"Não se tinha ideia de quais eram as espécies, com o era esse ecossistema, como ele era formado, então tudo isso foi descoberto, foi descrito pelo estudo após esses mergulhos. Isso é realmente algo muito grandioso", detalhou Janaína. A doutora em ciências também falou sobre o reflexo positivo do mapeamento para o meio ambiente e para a economia.
"Não estamos falando só da biodiversidade marinha em si, mas de todos os serviços que eles prestam pra gente, para os seres humanos. Então, estamos falando de alimentação, de pesca, extração, falando de turismo, proteção costeira, regulação do clima", conclui.
Duarante o mapeamento, também foram encontrados pelos pesquisadores, alguns indícios de que ocorreram pescas, que de acordo com eles, a pesca feita de forma descontrolada ameaça ecossistemas antes mesmo que eles sejam descobertos. "Seria muito importante se pensar em estar organizando melhor as atividades de pesca para que os recursos não venham a desaparecer", afirma Hudson Pinheiro.