Chuvas põem moradores em risco em Teresina

Só na segunda (10), a Defesa Civil atendeu 20 pedidos de remoção

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As chuvas no Piauí geram dois sentimentos opostos: alívio e preocupação. Se por um lado os reservatórios respiram, por outro, famílias que vivem em áreas de risco ficam sob alerta, carentes de ações que solucionem o problema. A Prefeitura de Teresina recebeu, somente na segunda-feira (11), 20 pedidos de remoção de famílias de áreas de risco na capital, destas seis já foram retiradas. A Defesa Civil Municipal monitora 56 áreas nessa situação.

Das 6 famílias retiradas dessas áreas de risco – conjuntos habitacionais, vilas e loteamentos irregulares – quatro são do Residencial Dilma Rousseff, uma na Vila Washington Feitosa e uma do bairro Água Mineral, na Zona Norte. Até agora, Teresina tem 210 famílias em situação de risco, e todas estão cadastradas pela Secretaria Municipal de Trabalho, Cidadania e Assistência Social (Semtcas).

Das remoções, o caso da família do bairro Água Mineral, que foi literalmente “tragada” por uma cratera de 7 metros que se abriu no quarto de um dos cômodos, está em uma situação deplorável. Fernanda Nascimento, 33 anos, seu esposo e os três filhos caíram na vala. Ela teve escoriações na perna esquerda, um dos filhos saiu do Hospital de Urgência de Teresina (HUT) no domingo (09) e o esposo está se recuperando na casa dos pais. Hoje, a casa está com as paredes soltas, todo o teto foi retirado e a demolição estava prevista para a manhã de ontem.

"Hoje me encontro na residência da minha mãe com meus três filhos, meu esposo fez uma cirurgia na perna e está na casa dos pais dele. Foram jogados muito aterro, entulho mesmo para que construíssemos essa casa. Não sabíamos que a casa estava em cima de um buraco", afirmou. A moradora relata, comovida, como fez para pedir ajuda: "Encontrei o celular e consegui pedir ajuda dentro da cratera para o Corpo de Bombeiros". A família vinha reformando a casa há poucos meses, a estrutura era nova, o muro está em fase de conclusão e estima-se que o prejuízo passe dos R$ 12 mil em materiais de construção.

O mesmo drama é vivenciado por Maria de Fátima, 48 anos, vizinha da casa de Fernanda, que já retirou móveis, colchões e até geladeira por causa da cratera. "Moro aqui há mais de sete anos. A erosão já cresceu e ameaça minha casa. Isso aqui é uma coisa séria, tirei a metade de meus bens e não durmo aqui com medo, durmo na casa de minha mãe. Não sei como está a situação por baixo da casa e a qualquer hora pode desabar", conta.

Os moradores do local convivem com o medo e o mesmo transtorno é descrito pela dona de casa Cleomilda Oliveira, 54 anos. Seu casebre localizado no fundo da casa onde a cratera se abriu expõe vários perigos e suscetíveis riscos de desabamentos e inundações que estão por vir com mais chuvas. "A Superintendência de Desenvolvimento Urbano, 'SDU', está ciente da minha casa e sei que a qualquer momento ela pode vir abaixo. Apesar dos perigos, fico despreocupada porque confio na construção dessa casa que foi feita em cima desse aterro", expôs.

Soluções

Preocupada com os transtornos das chuvas, a Defesa Civil está retirando os moradores em situações mais críticas desses locais. A PMT informou que as famílias em risco estão sendo atendidas pelo Programa Cidade Solidária ou do Aluguel Solidário, que custeia com ajuda de R$ 250,00 um aluguel, e que elas podem receber o aluguel social ou serem abrigadas em casa de parentes ou amigos, tendo direito a cestas básicas mensalmente, além de redes, de cobertores, colchões.

A Defesa Civil aponta que “evitar as edificações irregulares, não construindo em lugares inadequados, e fazer o acondicionamento correto do lixo doméstico, respeitando os dias de coleta” são medidas para evitar transtornos neste período. Também estão em áreas de risco a Vila do Avião, Pedra Mole, povoado Bom Sossego, na zona rural de Teresina, e Vila Nova. As famílias nesses locais foram orientadas a deixarem as residências.

O problema social e ambiental sempre reaparece em períodos de chuva, onde centenas de famílias vivem em suscetíveis inundações, alagamentos e desabamentos, tornando explícito os efeitos da falta de providências em regiões vulneráveis. A solução, porém, ainda é falha e esbarra em um desafio complexo.

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