Os avanços mais expressivos no mês passado aconteceram nas cidades de São Paulo (10,49%), Recife (9,74%), João Pessoa (9,49%) e Brasília (9%). Já as menores variações ocorreram em Natal (2,91%), Fortaleza (3,13%), Manaus (3,31%) e Vitória (3,33%).
O economista José Maurício Soares, coordenador da pesquisa do Dieese, disse que o resultado da pesquisa, embora preocupante, não surpreende. Segundo ele, os produtores já esperavam uma pressão por conta da das chuvas frequentes. "O clima, sem dúvida, atrapalhou e afetou a produção", justificou o economista.
Ele projeta novas pressões no preço da cesta básica nos meses seguintes se este ano repetir o clima do ano passado no período de estiagem, que tradicionalmente vem com a chegada do inverno. "A tendência é piorar com as possíveis geadas e a continuidade das chuvas".
Somente Goiânia (-1,10%) apresentou queda no preço da cesta básica na comparação com março de 2009. As elevações mais significativas em relação ao mesmo período do ano passado foram registradas em Recife (15,12%), São Paulo (14,35%) e João Pessoa (12,35%).
O cesta básica mais cara, no entanto, continua sendo a de Porto Alegre (R$ 257,07). O município de São Paulo vem logo em seguida (R$ 253,74). O terceiro maior custo está no Rio de Janeiro (R$ 240,22). Os menores valores foram apurados em Aracaju (R$ 181,70) e Fortaleza (R$ 182,43).
Entre os produtos pesquisados, destaque para o tomate, cujo o preço subiu nas 17 capitais, sobretudo em Curitiba (75,39%), São Paulo (73,13%), João Pessoa (67,78%) e Rio de Janeiro (64,31%). Segundo Soares, as chuvas desorganizaram a produção do tomate ao tornarem necessário o replantio nas principais regiões produtoras. "Depois de ter que plantar de novo é preciso cerca de três meses para a colheita. Com isso, a oferta é pequena e o preço teve alta", explicou Soares, destacando que tomate ainda está com baixa qualidade.
O leite, por sua vez, teve alta em 13 capitais em março. Os principais avanços foram em Florianópolis (12,42%), Rio de Janeiro (10,38%) e Goiânia (8,97%). Soares prevê que o produto deve ter novo aumento entre maio e agosto, com a estiagem que prejudicará a pastagem.
O preço do açúcar aumentou em 12 capitais, particularmente em Brasília (28,57%), Fortaleza (22,16%), Aracaju (12,38%) e São Paulo (10,65%). Neste caso, pesou a demanda internacional e o clima adverso que reduziu o teor de sacarose, além da colheita da cana, que está na entressafra.