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Cavalgada em Nova Trento registra morte, acidentes e denúncias de maus-tratos a cavalos

Evento realizado no último fim de semana é alvo de críticas por falta de organização e segurança; homem de 58 anos acabou morrendo em acampamento

Cavalgada em Nova Trento registra morte, acidentes e denúncias de maus-tratos a cavalos | Foto: Reprodução
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Uma cavalgada realizada entre os dias 29 e 31 de agosto em Nova Trento, foi marcada por denúncias de maus-tratos , acidentes e uma morte. O evento, que reuniu participantes de cidades como Itajaí, Itapema e Balneário Camboriú, é alvo de críticas de grupos de proteção animal devido à falta de cuidados com os cavalos, apresentou problemas no trânsito e culminou com a morte de um homem de 58 anos no domingo (31/08).

Segundo a denuncia da protetora de animais Bianca Machado, a desorganização do evento e as condições inadequadas às quais os cavalos foram submetidos era enorme. Ela relatou ainda que muitos participantes chegaram na sexta-feira (29) e acamparam no pátio da Azambuja, em Brusque, onde os animais permaneceram amarrados sem acesso adequado à água e alimentação.

"Se acontecesse qualquer coisa, não tinha veterinário, não tinha ambulância, não tinha nada. E o pior é que o pessoal da bagunça toma conta. Na sexta-feira eles já estavam reunidos, bebendo muito, e os cavalos ficaram amarrados sem água e sem comida", disse Bianca.

A protetora também enfatizou que o problema central não refere está na condição física dos animais, mas na combinação do excesso de trabalho feito pelos cavalos com o consumo de álcool pelos cavaleiros. "O problema é o excesso de trabalho de força aliado à cachaça. Isso faz o pessoal perder o limite e bater muito nos cavalos", disse, ressaltando que as denúncias chegaram até mesmo de participantes do próprio evento.

Acidente grave 

Durante o percurso da cavalgada, uma carroça desgovernada tombou em uma ribanceira, causando ferimentos graves em um homem que sofreu deslocamento de clavícula. Os animais envolvidos no acidente também ficaram feridos e seguem em processo de recuperação. O episódio intensificou as críticas em relação a falta de medidas de segurança no evento.

Os moradores da região também registraram problemas no trânsito devido a circulação de carroças em vias movimentadas. Na noite de sexta-feira, dois veículos colidiram em Brusque, próximo ao bairro Cedrinho, em decorrência da presença das carroças na pista.

Morte registrada

Já no domingo (31) um homem de 58 anos, participante da cavalgada, morreu em um acampamento no bairro Vígolo, em Nova Trento. Segundo informações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), a vítima apresentou dificuldades respiratórias por volta das 8h40. Apesar do acionamento do helicóptero Arcanjo, o homem não resistiu. O corpo foi recolhido pelo Instituto Médico Legal (IML) e o caso está sendo investigado.

Posicionamento e regulamentação

Diante das polêmicas, a Prefeitura de Nova Trento publicou uma nota oficial esclarecendo que não organiza nem incentiva esse tipo de evento, que são promovidos de forma independente por comitivas particulares. A administração municipal reforçou seu compromisso com a fiscalização e ações de conscientização.

"Não compactuamos com maus-tratos aos animais e seguimos comprometidos com a fiscalização e ações de conscientização, a fim de garantir que qualquer manifestação cultural ocorra de forma ética, segura e respeitosa", ressaltou a nota.

A administração municipal informou ainda a criação de um projeto de lei para regulamentar esse tipo de evento está em analise. A medida deve estabelecer regras claras e penalidades para abusos, com foco na proteção animal e na responsabilidade dos envolvidos. A prefeitura também esclareceu que tais eventos não possuem relação religiosa nem qualquer vínculo com o Santuário de Santa Paulina.

O acúmulo de denúncias envolvendo maus-tratos, consumo excessivo de álcool, acidentes e uma morte, uniu as organizações de proteção animal em torno da cobrança por politicas de fiscalização mais rígidas. Os grupos exigem a responsabilização dos organizadores e defendem a necessidade de regras claras para garantir tanto o bem-estar dos cavalos quanto a segurança dos participantes em futuras edições.

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