As discussões sobre a legalização do aborto dividem opinião em todo o Brasil. Enquanto uns defendem que essa prática não deve ser criminalizada, para outros ela deve ser proibida por lei. Aqueles que concordam que o aborto é crime e, portanto, não pode ser legalizado se reuniram hoje no centro de Teresina e realizaram uma caminhada em favor da vida.
Quem é a favor da legalização do aborto defende, dentre outros pontos, que a mulher deve ter autonomia sobre seu corpo e tem o direito de decidir se quer ou não levar adiante uma gravidez para a qual ela não está preparada. Mas quem já decidiu por abortar, afirma que essa não é a melhor decisão. Maria de Jesus Vieira, de 50 anos, conta, entre lágrimas, que já cometeu dois abortos na sua vida, o primeiro quando tinha apenas 16 anos e o segundo depois dos 20 anos de idade.
?Participei da caminhada porque já errei muito na minha juventude. Quando engravidei aos 16 anos, procurei o pai do meu filho e pedi que ele alugasse uma casa para que eu pudesse morar e criar nosso filho, mas ele alegou que não podia. A vida dele era maior do que a paternidade, ele me incentivou a abortar e eu abortei. Mas hoje eu sinto muita amargura, muita tristeza. Me tranformei em uma pessoa fria. Quem faz isso, fica com marcas para o resto da vida?, relatou. Hoje Maria não é casada, mas tem um filho de 28 anos.
O movimento reuniu igrejas católicas e evangélicas, além de vereadores e a população em geral, que são contrários a essa prática. Eles caminharam desde a Avenida Frei Serafim até a Praça Rio Branco, no Centro da cidade, onde houve apresentações de bandas católicas e evangélicas. ?Nós somos contrários à posição do Conselho Regional de Medicina, que quer legalizar o aborto até o terceiro mês de gestação. Entendemos que isso é um crime. Se a mulher deve ter direito sobre o seu corpo, quem fica a favor do nascituro??, indaga a vereadora Cida Santiago, que organizou o ato.
Para a vereadora, não é somente a questão de o aborto ser um ato criminoso ou não, para ela, essa prática também é perigosa à saúde da mulher que o pratica. ?Ao cometer o aborto, a mulher pode ter uma série de complicações à sua saúde, que vai desde uma depressão, até outros problemas causados pelo abortamento mal feito, podendo levar a mulher até à morte?, encerrou.