Casos de dengue devem aumentar nos próximos meses no Piauí

Uma vez que passam até 450 dias no ambiente

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Devido à proximidade do fim do período chuvoso, cresce a preocupação com o aumento dos registros nos números de casos da dengue que já entraram para o calendário anual do Estado. Dados da Fundação Municipal de Saúde (FMS) revelam que já foram notificados 3.408 casos suspeitos da doença até abril de 2015. Mas a previsão é que esses números podem aumentar.

Os dados sugerem um aumento de 86,2%, comparado ao ano passado, que notificou 1.830 casos. A reincidência se relaciona diretamente com falhas de prevenção e combate tanto por parte do poder público quanto da população.

A coordenadora do Núcleo de Educação em Saúde da FMS, Maria Júlia Santos Rocha, atribui essa previsão à quantidade de água acumulada das chuvas. “As fortes chuvas que tivemos proporcionaram focos para o mosquito da dengue permanecerem por bastante tempo, já que os ovos passam até 450 dias no ambiente. Após as chuvas promoverem uma situação favorável, acompanhada de sol forte, temos, então, um cenário perfeito para que os casos possam eclodir nos próximos meses”, considerou.

A Fundação Municipal de Saúde criou um comitê de combate e prevenção à dengue e chikungunya, que tem por objetivo controlar a ocorrência nos casos da doença em Teresina e despertar na população o espírito de contribuição coletiva para diminuir ou minimizar os casos de óbitos em decorrência do mosquito. “O comitê criou um grupo de trabalho com quatro comissões temáticas: Mobilização social, Comunicação, Educação e Religião. O grupo religião tem ajudado bastante com ações preventivas”, destacou Maria Júlia.

Ela afirmou ainda que apesar do trabalho de conscientização e prevenção que é realizado, a dengue continua surpreendendo devido à falta de uma ação mais intensa da população e devido ao clima favorável para o mosquito que existe no país.

“O próprio Ministério da Saúde não preconiza que o Aedes aegypti seja erradicado no Brasil, não existe mais essa possibilidade. Podemos apenas controlar e combater os criadouros porque a imensidão continental e a quantidade de chuvas no país geram um ambiente propício ao mosquito que já adquiriu um hábito urbano. Nós solicitamos que todas as pessoas possam aderir às estratégias de prevenção do vetor”, aconselhou. (Saiba como se prevenir no gráfico ao lado).

Contudo, Maria Júlia, assume que ainda existem pontos inusitados e de maior dificuldade para prefeitura realizar o trabalho de prevenção como cemitérios, prédios e casas abandonadas, além de sucatas e terrenos baldios, mas para reverter a situação, a FMS montou um mapa com pontos estratégicos para receber um ciclo de limpeza sistemático.

“A prefeitura também deve ter uma ação importantíssima que é manter a coleta seletiva do lixo com regularidade, aumentar a rede de saneamento básico e assim ajudar nas operações realizadas pela FMS. Já existe uma proposta para que, a partir de 2016, a prefeitura possa realizar uma coleta mais sistematizada e de combate aos focos do mosquito. Existe uma lei que assegura a própria Fundação a ter acessos às casas abandonadas para poder fazer a limpeza. Vamos ter um chaveiro para adentrar os imóveis e fazer esse trabalho de prevenção”, afirmou.

Estado vai utilizar medidas do interior para combater dengue no Piauí

O diretor da Unidade de Vigilância e Atenção à Saúde do Estado (Duvas), Herlon Guimarães, declarou que o principal foco de prevenção do Estado está relacionado à prevenção doméstica em soma de esforços entre poder público e população. Ele revelou que a Secretaria Estadual de Saúde (SesapiI) está estudando medidas de precaução adotadas por municípios do interior que surtiram efeitos positivos na diminuição nos números de casos da dengue e que deverão ser adotadas nas demais cidades.

“Nós temos alguns municípios na região Sul que utilizam tanques como criatórios de peixe, onde esses animais se alimentam da própria larva do mosquito e com isso evita que nesses locais onde serviriam de criadouros para a dengue, enxergamos uma solução para diminuir os casos da doença. Na região Norte, existem alguns trabalhos realizados com estudantes, em que as crianças ajudaram bastante no trabalho, de chamar atenção dos pais dentro do ambiente doméstico e, assim, conseguiu-se uma redução nos casos de dengue. Temos outros modelos de sucesso que podem ser usados em todo Estado”, destacou.

Segundo Herlon Guimarães, o objetivo é pegar as melhores e mais efetivas ideias para promover uma amostra e repassar as experiências para que sejam adotadas pelas equipes de prevenção. O diretor confessa que houve um relaxamento mútuo entre sociedade e governo que pode ter contribuído para o aumento considerável no número de casos e que, por isso, as medidas de prevenção devem ser retomadas a partir de agora em uma soma de esforços.

“Nós tivemos um aumento de quase 80% nos casos de dengue comparado ao número de 2014 no Piauí, mas vale ressaltar que, epidemiologicamente falando, até pelas condições climáticas que nós temos no Estado, quando a gente tem um aumento no número de casos, percebemos que a nossa vigilância está mais intensa com os novos casos que estão aparecendo”, disse.

O diretor da Duvas,afirmou que existe uma orientação para as equipes de endemias trabalharem em cima dos focos inusitados em conjunto com as ações preventivas. Ele pontuou que esse trabalho já foi realizado no passado, porém, Herlon Guimarães considera que houve um esquecimento e que esse trabalho será retomado.

Comunidade promove ação de combate e prevenção à dengue

Os moradores do Bairro Santa Clara, na zona Sul de Teresina, realizaram um mutirão de combate e prevenção à dengue no início do mês na comunidade e em regiões vizinhas como Parque Jacinta e Parque Santa Helena. A ação contou com a parceria da Fundação Municipal de Saúde de Teresina e Superintendência de Desenvolvimento Urbano - Sul (SDU-Sul), promovendo a limpeza das ruas e terrenos que serviam de foco para o mosquito.

O coordenador do pelotão mirim da região, Luiz Valério Pereira, afirmou que 65 crianças participaram da ação entregando panfletos e ajudando na prevenção da doença. Ele explica que a decisão foi tomada após vários registros da doença entre os moradores da comunidade.

“Nós tomamos essa atitude porque várias pessoas do bairro estavam adoecendo. Na minha casa mesmo teve dois casos e não poderíamos ficar de braços cruzados. Após a medida, houve uma diminuição, mas ainda existem algumas pessoas doentes”, esclareceu.

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