Apesar dos avanços já alcançados no que se refere a tratamento, a Aids ainda é um problema em todo o Brasil.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, no Piauí, de 1980, quando surgiram os primeiros casos da doença no Brasil, até 2012, foram diagnosticados no estado um total de 4.186. Ao longo desses anos, os dados mostram ainda que houve o fenômeno de "feminização da Aids", com o aumento do número de casos em meio à população feminina.
Inicialmente, no início da década de 1990, a razão entre os sexos masculino e feminino era de 19 homens para cada mulher. No ano de 2011, essa relação é de 2,6 homens para cada pessoa do sexo feminino.
No ano de 2009, ela chegou a 1,9. "As mulheres são mais vulneráveis, muitas delas ainda são submissas, não discutem com parceiros sobre o assunto e, por causa disso, se os parceiros desejarem, a relação acaba acontecendo sem o uso de preservativos", explicou a coordenadora de doenças transmissíveis da Secretaria Estadual de Saúde, Karinna Amorim.
Apesar disso, a doença ainda predomina entre os homens, no estado. Ao longo dos anos foram registrados 2.286 casos da doença entre homens, o que corresponde ao percentual de 70,2% e 971 casos em mulheres, equivalentes a 29,8%. Apenas no ano de 2011, foram 180 casos de AIDS entre a população masculina e 68 em mulheres.
Mortes aumentam
O número de óbitos de pessoas que viviam com a doença também vem crescendo no decorrer dos anos, à medida que o número de notificações de casos também aumenta. De 2000 a 2009 ocorreram no Piauí 727 óbitos por Aids. Só em 2011 foram 95 casos.
Uma das possíveis saídas para esse aumento do número de mulheres vivendo com o HIV é a disseminação da camisinha feminina. O preservativo já está sendo disponibilizados para algumas mulheres no estado.
"A camisinha feminina ainda é muito cara e custa bem mais aos cofres do Ministério da Saúde do que a masculina. Por causa disso, hoje nós temos um controle sobre a sua distribuição. Nós a distribuímos em grupos como prostitutas, mulheres com DST, jovens que têm vida ativa e se mostram interessadas em usar, dentre outras", pontuou.
Faixa entre 20 e 34 anos apresenta maior número de casos
A faixa etária entre 20 e 34 anos de idade é a que apresenta o maior número de pessoas vivendo com HIV. Entre os anos de 2007 e 2011 essa faixa etária registrou um total de 557 casos da doença. A faixa etária de 35 a 49 anos também apresenta números significativos de diagnósticos, com 495 casos entre 2007 e 2011.
?Essa é uma faixa etária de vida sexual mais ativa, eles são pessoas mais adultas, além disso, muitos fazem uso de álcool e outras drogas e isso acaba acarretando mais descuido na hora da prática de atos sexuais?, disse Karinna Amorim. A faixa etária de 50 a 64 anos apresentou um total de 160 pessoas diagnosticadas com a doença entre 2007 e 2011.
No intervalo de idade entre 15 e 19 anos foram diagnosticados 24 casos e em pessoas entre 65 e 69 anos foram contabilizados 20 casos da doença. Em pessoas com mais de 80 anos apenas um caso foi registrado. Já no que se refere a sexo, os homens heterossexuais são os que apresentam o maior número de casos. Eles representam 67% do número de pessoas com a doença.
Pessoas ainda têm medo de realizar teste de Aids
As pessoas ainda têm receio de realizar o teste de Aids por medo do diagnóstico positivo da doença.
Esse medo, no entanto, poderá ser o responsável por complicações futuras na saúde das pessoas que vivem com o HIV/Aids e não sabem. Karina alerta que o diagnóstico precoce é responsável por uma maior qualidade de vida daqueles que vivem com a doença.
Os testes rápidos têm sido uma aposta do Ministério da Saúde para que o HIV seja diagnosticado o quanto antes nas pessoas que já vivem com o vírus. Desde 2009 a realização destes testes tem sido intensificada e até 2014, eles deverão já estar sendo realizados em todas as unidades básicas de saúde do Piauí.
"As pessoas não podem ter medo, elas precisam realizar o teste para descobrir se têm a doença, pois isso é uma garantia de qualidade de vida maior.
Além dos testes, elas precisam se prevenir, mesmo aquelas que já têm um tipo de vírus da Aids, precisam se cuidar para não adquirir outro tipo", alertou Karina.