A chegada da época chuvosa é muito comemorada por teresinenses, mas é motivo de preocupação e temor para vários outros. Casas de concreto com telhados “comuns”, calçamento e saneamento básico, deveriam, mas não fazem parte da realidade dos moradores das imediações de um morro na Vila da Paz, zona Sul da capital. A moradia feita de taipa apresenta um risco vivenciado diariamente por dezenas de pessoas.
Na Rua do Além, canos que reduziam o volume da água que desce do morro foram furtados e os moradores tiveram que cavar o chão, formando um córrego, para tentar conter a força da água da chuva. No entanto, na quarta-feira (05), a forte tempestade formou uma “cachoeira” que abriu um buraco na casa de taipa de Bruna Gabriela dos Santos, 15 anos.
Enquanto o pai, que é cadeirante, foi resolver trabalhos no centro da cidade, a adolescente juntou pedaços de madeira com a vizinha para ajudar a construir parte do telhado que estava vazando. “Temos medo, mas tentamos tapar um buraco ou consertar alguma coisa. A gente sabe que aqui não é seguro, mas moramos aqui”, disse.
A falta de acessibilidade também se manifesta em meio a escassez social-econômica. Bruna explica que quando o pai chega na porteira, há muita dificuldade para ajudá-lo a entrar em casa.
Neide de Paiva, pensionista, mora há mais de 30 anos na Vila da Paz. Sua casa é simples, mas não fica localizada na região de risco. Ela se comove com a situação dos vizinhos de bairro e mostra o caminho estreito e íngreme por onde passa esgoto, água da chuva, pessoas e inclusive motocicletas dos moradores.
“Somos esquecidos pelo poder público. Aqui tem muita gente que um dia pode ser coberta por toda essa terra do morro. Quando chove, tudo piora e a gente fica preocupado com o que pode acontecer”, disse.
“Os moradores devem notificar a Defesa Civil, que vai encaminhar para os assistentes sociais analisarem a condição delas no local. Vamos fazer uma visita na segunda-feira (10), para ver de perto essa situação”, disse Paulo Roberto, superintendente da Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU-Sul).
De acordo com Paulo Roberto, como o local é extremamente íngreme, não tem condições de fazer um calçamento, mas a construção de uma escadaria para os moradores da região do morro já pode ser visualizada.
Urbanização da Vila da Paz
Além disso, a SDU Sul informou que já foi iniciada a segunda etapa de urbanização da Vila da Paz e, ao mesmo tempo, está sendo trabalhada a conclusão da primeira fase. Com relação às famílias, de acordo com a Superintendência, “a perspectiva é que precisem ser retiradas somente as casas que estejam no trajeto do canal que está sendo construído ou que estejam localizadas em áreas de risco. Assistentes sociais da Superintendência estão conversando com essas famílias para encontrar a melhor forma de resolver essa demanda, e prestando toda a assistência necessária”, consta a nota.
A construtora contratada pela Prefeitura está trabalhando na construção de uma estação elevatória no final da Rua do Além, que vai possibilitar a ligação do sistema de esgotamento sanitário da Vila com a estação de tratamento localizada na Estrada da Alegria. Também faz parte da primeira fase a iluminação da área, que já foi urbanizada. A instalação deve iniciar nos próximos dias.