Negro Val (Valdemar Santos) retorna à Amarante movimentando a Rua das Flores com uma dádiva: O Casarão Cultural que abrigará diversas atividades culturais, biblioteca (de livros e vídeos), galeria de artes visuais, salas/aulas de dança, teatro, acrobacia (tecido), LIBRAS, residências artísticas, loja de souvenirs e um hostel para visitantes que forem encantar-se com deleites amarantinos e das redondezas. O espaço já está aberto à visitação agendada de acordo com os cuidados à saúde recomendados. As aulas remotas e presenciais já iniciaram e residências artísticas, exposições e outras proposições também estão sendo articuladas a todo vapor.
A galeria Nega Ana, a sala de dança Sibita e o hostel Rosimary são os três principais ambientes que levam o nome de personalidades amarantinas. A galeria foi inaugurada com a exposição “Ré-Trans-Poctiva”, uma retrospectiva das ilustrações de Vicente de Paula, jornartista (jornalista artista) que está realizando residência artística no Casarão e foi conclamada a fazer mediação de exposições, mostras, saraus e demais ações culturais.
Na Galeria Nega Ana, além de contemplar, é possível negociar obras de artistas e também adquirir souvenires, camisetas, imãs, chaveiros, quadros e outros produtos como castanhas e doces. A próxima exposição marcada para o final de fevereiro contará com obras da amarantina homenageada Nega Ana, que apresentará seus trabalhos realizados em telhas de barro. O cronograma prevê oficinas e rodas de conversa com a presença de artistas teresinenses e outras localidades do Piauí.
Na sala dedicada à Sibita, além de aulas de dança e teatro, estão previstas para o segundo semestre apresentações de espetáculos, performances e outros eventos balizados nos protocolos de combate à Covid-19. O hostel Rosimary contém amplo espaço com opções de refeições e roteiros turísticos que incluem rotas ecológicas e culturais da região banhada pelos rios Parnaíba, Mulato e Canindé.
Peça-chave no Casarão é o artista cênico Paulo Gomes - ator, figurinista e cenógrafo com experiência em arte drag e palhaçaria. Ele é um dos coordenadores do espaço e dá suporte técnico/estético para artistas de várias linguagens desenvolverem suas produções no Casarão. Paulo, Vicente e Negro Val formam a equipe do Casarão Cultural e compõe a experiência cênica musical As Bixanikas, promessa do carnaval virtual de 2021.
Live Bloco conecta foliões com as Bixanikas
Mesmo sem aglomerações, o Casarão vai realizar eventos online que vão garantir a folia carnavalesca. Paulo, Vicente e Negro Val dão vazão ao projeto Bixanikas, nome do grupo de experimentos cênicos e musicais do Casarão que já produziu marchinhas, sambas, funks, paródias e breves esquetes para serem apresentadas nas chamadas Live Bloco no instagram @acasaraocultural durante o carnaval.
Estas lives organizadas pelo Casarão vão promover encontros dos blocos Sambambaia/ Unha de Gato com foliões e outros blocos. Sambambaia é um bloco de Carnaval que surgiu em 2018 em Samambaia, Distrito Federal, nas terças de carnaval. De lá pra cá, se adaptou ao calor amarantino expandindo-se em mais um bloco: Unha de Gato. Desde a criação, os eventos organizados comprometem-se com a inclusão de idosos, crianças, pessoas com deficiência e principalmente artistas LGBTQIA+, como Samba da Malandra e As Podríssimas.
Em seus projetos artísticos e pedagógicos, Negro Val mantem este compromisso voltado à cultura popular do Nordeste, em especial de Amarante - célebre pelo quilombo Mimbó e casarios antigos que acolheram inúmeros poetas e artistas. A cidade é amplamente reconhecida pelo Cavalo Piancó, pagode do Mimbó, festa do Divino, reisados, danças portuguesas, quadrilhas e muitas outras tradições que se atualizam em trabalhos realizados no Casarão.
Negro Val destaca o espaço no feminino: “A Casarão representa, a possibilidade de transformação social por meio da arte, é um lugar de potência criativa, fazer artístico, e valorização humana. É também nossa casa, nosso apoio, nossa âncora e também NOSSAS asas. Hoje não consigo mensurar nossas reais possibilidades, mas acredito que estamos derrubando muros e abrindo portas. Nossa missão é disseminar a arte e fazer dela nossa maior arma na busca por diversidade cultural e fortalecimento das relações de afetos, e potências humanas.”
Para Vicente, o Casarão é um importante espaço de acolhimento das manifestações culturais nordestinas que se potencializam com a alegria e irreverência das Bixanikas. “É um aconchego artístico”, diz Vicente. O ator Paulo Gomes complementa e afirma que o Casarão é uma oportunidade de “compartilhar e desenvolver pesquisas que envolvem arte e cultura com foco em necessidades especiais, conteúdo afro, LGBT e valorização da arte periférica”.
O trio de artistas busca dialogar com diferentes vulneráveis da sociedade e pautam combater violência através do debate sobre inclusão, gênero, sexualidade, raça em articulação com projetos pautados em emancipação econômica e social através de ações artísticas. Seguindo todas as medidas de segurança e saúde pública necessárias, o Casarão já realizou exposições, lives com diversos artistas, aulas abertas de dança na Rua das Flores e o festival Sankofa em parceria com o Encrespa Amarante.