Mais um caso de uma pessoa sendo discriminada por sua orientação sexual ocorreu na sexta-feira (22). Na região leste de Belo Horizonte, a garçonete Juliana Aparecida Ribeiro da Silva foi vítima de discriminação e homofobia por causa de sua orientação sexual. Segundo relato, um casal teria se recusado a ser atendido por “uma sapatão”.
A cliente do bar, Nathalia Trajano, presenciou o caso de homofobia publicou um relato em sua página no Facebook. Segundo a publicação, ela e os amigos estavam no local sendo muito bem atendidos. Estava tudo bem até que a garçonete chegou com os “olhos cheios d’água”, dizendo que não a atenderia mais porque o casal do lado pediu para trocá-la. “Ele disse que não queria ser atendida por uma sapatão”, teria dito a garçonete.
Então Nathalia e seus amigos pediram para chamar o gerente da casa, que tentou amenizar a situação dizendo que não concordava, mas que “não poderia fazer nada” sobre o ocorrido. Juliana continuou atendendo, e outros clientes também se incomodaram e decidiram ir falar com o casal. De acordo com Nathalia, o homem não negou o preconceito e tentou partir para agressão.
“O bar? Recebeu a conta dele e ainda tentava ajudar o criminoso sair da cena. O gerente e segurança o tempo inteiro preocupado com tumulto no bar”, contou Nathalia. Os clientes chamaram a polícia, que não chegou a tempo de encontrar o casal no restaurante. “Mais um crime impune”, escreveu Nathalia.
Em resposta à publicação de Nathalia, o proprietário do bar respondeu que estava profundamente chateado por “um episódio desse ter ocorrido dentro do Chopp”. “Não temos princípios homofóbicos e tratamos todas as pessoas da mesma forma, consideramos que somos todos iguais, independente de sua orientação sexual , religiosa ou qualquer que seja”, dizia a nota. "A opção de mudar de área de atendimento foi exclusiva da garçonete agredida, assim como a opção de não prestar queixa. Eu e toda a equipe do Chopp da Fábrica nos encontramos a disposição para qualquer esclarecimento!”.
A vítima
A garçonete Juliana Aparecida Ribeiro da Silva, de 33 anos, vítima do casal homofóbico, revelou que se sentiu mal e ficou totalmente paralisada com o incidente. Ao “Hoje em Dia”, programa da Record, ela contou o que aconteceu: “Quando fui pegar a garrafa de cerveja na mesa do casal, o homem tomou da minha mão e disse que não queria que eu o atendesse. Ele [o homem] estava descontrolado e disse ‘saia da minha mesa’. Eu fiquei totalmente paralisada”.
Depois de ouvir que os clientes que não queriam ser atendidos por uma “sapatão”, ela pediu para que o gerente deixasse ela ficar por um tempo no segundo andar do estabelecimento. Assim, ela poderia esperar que o casal fosse embora para voltar ao posto de trabalho.
“Eu não queria fazer nenhum tipo de bagunça porque gosto de trabalhar lá. O restaurante não tem culpa de ter chegado clientes com essa visão. Preferi me recolher. Mas me senti muito mal. Principalmente quando notei a proporção que tomou e vi a gravidade do que estava envolvida”, ela conta sobre o caso de homofobia.