O vereador Carlos Bolsonaro (PSC) reassumiu nesta terça-feira seu mandato naCâmara Municipal depois de passar quase três meses afastado para atuar na campanha do pai à Presidência. Filho do meio de Jair Bolsonaro, Carlos chegou a seu gabinete pela manhã acompanhado por dois seguranças da Polícia Legislativa da Casa, que passaram o resto da tarde seguindo o vereador.
A decisão de colocar dois seguranças na cola do filho do presidente partiu da Coordenadoria de Segurança do Legislativo, como medida preventiva, segundo informou a assessoria de imprensa da Câmara. Assessores que trabalham no prédio estranharam os seguranças postados na frente da porta do gabinete do vereador.
— Nunca vi seguranças assim, na porta do gabinete e no corredor— disse o assessor Felipe Velloso, que trabalha no gabinete do vereador Tarcísio Motta (PSOL), no mesmo andar do gabinete de Carlos.
Quando a sessão teve início, às 14 horas, Carlos subiu à tribuna para ler uma ata da sessão anterior. A fala de Carlos abriu o Grande Expediente da Casa.
— Momento raro, ele nunca aparece aqui nesse horário — comentou um assessor que preferiu não se identificar.
A vereadora Teresa Bergher (PSDB) foi a primeira a pedir uma selfie com Carlos, que protagonizou outras fotos durante a sessão plenária. Ela é colega do vereador na Comissão de Direitos Humanos. Carlos também trocou cumprimentos carinhosos e sorrisos com os vereadores Felipe Michel (PSDB), Wellington Dias (PRTB) e Marcelino D’Almeida (PP).
Carlos votou contra o veto total dado pelo prefeito Marcelo Crivella a um projeto de lei do vereador Reimont (PT), que regulamenta depósitos de produtos e equipamentos utilizados por vendedores ambulantes.
No plenário, alguns colegas fizeram afagos no filho do presidente eleito. Felipe Michel elogiou o trabalho social promovido por Michelle Bolsonaro, mulher de Jair, em parceria com o pastor Josué Valandro Jr., líder da Igreja Batista Atitude, no Recreio. Leandro Lyra (Novo) subiu à tribuna para enaltecer as críticas de Jair Bolsonaro ao programa Mais Médicos.
Um projeto de lei que torna a família Gracie, de lutadores de jiu jítsu — de quem Carlos é fã — patrimônio cultural de natureza imaterial da cidade do Rio de Janeiro foi incluído na ordem do dia. O vereador tem um retrato de um dos Gracie em sua sala.
Na semana passada, Carlos chegou a ser anunciado por Gustavo Bebianno, futuro ministro da Secretaria Geral da Presidência, como um bom nome para comandar a Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
Um dia depois, o filho do presidente eleito anunciou pelo Twitter que deixaria de acompanhar a transição para voltar ao cargo no Rio. Também disse que, “por iniciativa própria”, não tinha mais influência sobre as redes sociais do pai, que administrou durante a campanha. No sábado, Jair Bolsonaro negou que o filho tivesse abandonado a função. Abordado por jornalistas ao sair do plenário, Carlos evitou declarações:
— Não vou falar com a imprensa — disse.
Carlos havia ingressado com três pedidos de licença não remunerada, de 30 dias cada, para acompanhar Bolsonaro após o atentado contra o pai em Juiz de Fora.