Candidatura de Tebet acelera articulação contra Renan na disputa ao Senado

Renan e Tebet se enfrentarão na próxima terça-feira (29), na reunião da bancada do MDB

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A decisão da senadora Simone Tebet (MDB-MS) de enfrentar internamente seu colega Renan Calheiros (MDB-AL) na disputa pela presidência do Senado acelerou uma articulação de adversários em oposição ao senador alagoano.

Nesta terça-feira (22), o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP) procurou Tebet e Davi Alcolumbre (DEM-AP) para conversar sobre suas candidaturas. Disse que, para derrotar Renan, pode abrir mão de sua própria candidatura.

"Fui dizer que sou candidato, mas, desde o princípio, estamos conversando com as candidaturas colocadas para ter uma candidatura que pudesse fazer frente à candidatura Renan", afirmou Olímpio.

Em um primeiro momento, Renan e Tebet se enfrentarão na próxima terça-feira (29), na reunião da bancada do MDB. A senadora já disse que, mesmo que não seja escolhida pelos correligionários, pode disputar com uma candidatura avulsa.

"Não existindo a candidatura Renan, ela passa a ser uma candidatura que está no processo de construção conosco para verificarmos quem tem mais potencial para a eleição à presidência", afirmou Major Olímpio, que já conversou com outros candidatos, como Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Alvaro Dias (PODE), também dispostos a enfrentar Renan.

Em uma terça movimentada para um dia de recesso, Simone Tebet foi ao Senado e telefonou para Renan Calheiros, informando-o que era candidata. O senador tem se movimentado nos bastidores, mas evita assumir publicamente que disputará o cargo.

Renan foi às redes sociais dizer que a candidatura dela "robustece o processo decisório e consolidará ainda mais a união da nossa bancada. O fundamental é que cheguemos juntos ao plenário no dia 1º de fevereiro".

A assessoria do presidente nacional do MDB, Romero Jucá, divulgou nota afirmando que o partido via com satisfação o lançamento da candidatura. "Em nenhum momento esta candidatura divide o MDB", diz o comunicado.

Em conversa com jornalistas, Simone Tebet reclamou da interferência do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na eleição parlamentar.

Ela afirmou ter tomado conhecimento de que o DEM manteria a candidatura de Alcolumbre, apesar de o MDB ter a maior bancada da Casa, e que o partido preferiria a candidatura de Renan por considerá-la mais frágil devido aos arranhões em sua imagem provocados por 18 inquéritos de que já foi alvo no STF (Supremo Tribunal Federal) -9 casos foram arquivados.

"Por parte do DEM, já tive uma conversa, uma sinalização de que interessaria até para o DEM uma candidatura do Renan contra eles porque, mesmo com voto fechado [secreto], eles acham que poderiam ganhar do MDB. Isso é algo que está circulando dentro do Senado. A princípio, acho que eles estão equivocados", disse a senadora.

Questionada sobre se entendia haver atuação direta de Lorenzoni, respondeu que sim.

"Não tem como não ter [dedo do ministro]", afirmou. "O que circula na Casa muito fortemente é que o DEM tem uma preferência por uma candidatura do MDB frágil porque o DEM quer a presidência do Senado. É o DEM, não o governo. Porque o governo quer a governabilidade", disse a senadora, lembrando que "não se vota uma reforma da Previdência sem ter a maior bancada apoiando".

A senadora disse que não é a candidata do governo, mas que não negaria recebimento de apoio. Oficialmente, o MDB diz ter optado por "independência a favor do país".

"Vou apoiar iniciativas do governo se achar que é bom para o país", afirmou Tebet. "Meu problema não é com o governo. Estou dando o benefício da dúvida. Por enquanto é um movimento da bancada do DEM, que já tem três ministérios, disputa a presidência da Câmara e quer a presidência do Senado. Este é um momento em que você tem que ter a balança fiel da tripartição dos poderes."

A senadora reclamou também com Olímpio na conversa que tiveram à tarde.

Para ele, a conduta de Onyx gera desconforto e atrapalha o governo Bolsonaro.

"Cada um esperneia como quer. Acho que o governo tem que ser governo. Se alguém estiver com condutas partidárias, muitas vezes pode atrapalhar o governo. Eu faço coro no sentimento da Simone", afirmou Olímpio após conversa com Tebet.

"O mais importante é a governabilidade. Condutas partidárias, neste momento, elas mais atrapalham do que ajudam em relação a isso", disse o senador eleito.

Procurado por meio de sua assessoria, Onyx informou que não iria se manifestar.

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