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Câncer é a principal causa de morte em 670 cidades brasileiras, diz observatório

Levantamento do Observatório de Oncologia mostra aumento de 30% em oito anos e alerta para uma “virada epidemiológica”.

Imagem ilustrativa | Foto: Reprodução
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O câncer já superou as doenças cardiovasculares como principal causa de morte em 670 municípios brasileiros, o equivalente a 12% das cidades do país. Os dados fazem parte de um estudo do Observatório de Oncologia, apresentado nesta quarta-feira (5) durante o Fórum Big Data em Oncologia, em São Paulo.

O levantamento, que analisou registros do Ministério da Saúde entre 1998 e 2023, aponta um aumento de 30% no número de municípios onde o câncer é a principal causa de morte — de 516 em 2015 para 670 em 2023. No mesmo período, as mortes por tumores cresceram 120%, mais que o dobro da alta observada em doenças do aparelho circulatório, que foi de 51%.

SUL CONCENTRA O MAIOR NÚMERO DE CASOS

A pesquisa mostra que o avanço da doença é mais predominante na região Sul do Brasil, que concentra 310 municípios — quase metade do total nacional onde o câncer já lidera as causas de morte. No Rio Grande do Sul, 168 cidades estão nessa condição, o que corresponde a 34% do estado. Lá, 22% de todas as mortes são provocadas por tumores, percentual superior à média nacional de 17%.

Entre os fatores que explicam essa concentração estão a maior expectativa de vida, a presença de rede diagnóstica mais estruturada, além de características populacionais e ambientais, como o uso de agrotóxicos e a presença de indústrias.

CIDADES PEQUENAS E INFRAESTRUTURA LIMITADA

Cerca de metade dos municípios em que o câncer já é a principal causa de morte tem menos de 25 mil habitantes. No total, essas 670 cidades reúnem 9,2 milhões de brasileiros, em sua maioria residentes em áreas com pouca estrutura de atendimento oncológico.

Segundo o estudo, 77% das mortes por câncer ocorrem em pessoas com mais de 60 anos e 56% envolvem homens. Os tipos mais letais continuam sendo os de pulmão, mama e próstata.

DESAFIO PARA O SISTEMA DE SAÚDE

Os especialistas alertam que o país ainda não está preparado para lidar com a “virada epidemiológica” prevista para o fim da década, quando o câncer poderá se tornar a principal causa de morte no Brasil.

Apesar da Lei dos 60 dias, que garante o início do tratamento em até dois meses após o diagnóstico, muitos pacientes ainda enfrentam longas esperas. O estudo ressalta que o enfrentamento da doença exige investimentos contínuos em prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce, além de uma rede de atenção mais descentralizada e eficiente.

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