Dados do Ministério da Saúde apontam o câncer como a principal causa de morte por doença em pessoas de zero a 15 anos, , embora seja uma doença rara entre crianças e adolescentes, atingindo 1 entre 600. Nesse grupo, em apenas 10% dos casos é possível associá-lo à genética. Os especialistas afirmam ser difícil identificar a doença nessa faixa etária.
O dia 15 de fevereiro é o Dia Internacional de Luta contra o Câncer na Infância. No Piauí, uma das instituições de destaque no acolhimento a pessoas com câncer é o Lar de Maria, em Teresina. A diretora da entidade sem fins lucrativos, Lenora Conceição Campelo, foi entrevistada pelo apresentador do Programa 'Fogo Cruzado", da Rádio Jornal Meio Norte, Josafá Torres na tarde desta sexta-feira (15).
"A gente sabe que o câncer infantil acomete o mundo todo. O trabalho da Rede Feminina é exatamente no sentido de divulgar e fazer um diagnóstico precoce. A cada dia, mais crianças, cada vez mais novas, estão sendo acometidas de câncer. E quando ela chega ao hospital, ela já está, de certa forma, com o câncer muito avançado e vai deixar sequelas, mesmo que a criança se cure, ou então, ela está condenada a não viver", disse Lenora Campelo.
Ela explicou que o trabalho da Rede Feminina de Combate ao Câncer é no sentido de luta diária, para que as crianças cheguem mais cedo ao hospital e que tenham um tratamento digno. E com isso, a criança possa ter mais chances de sobreviver e ficar com menos sequelas.
Lenora Campelo diz que os tipos de câncer mais recorrentes em crianças atendidas pelo Lar de Maria são os linfomas, a leucemia, e os linfoides. Muitas vezes, mesmo sendo tratada, a doença pode deixar sequelas, mas se for identificado no início, a chance de recuperação é bem mais rápida e eficaz
"No Lar de Maria nós fazemos a parte assistencial. O Lar existe desde 2007 e abriga 78 pessoas, entre crianças e adolescentes e seus acompanhantes. Eles ficam no Lar de Maria enquanto durar o tratamento. Às vezes, a criança vai para casa e volta quando necessita fazer exames. Nós oferecemos o transporte até o hospital, remédios que o SUS não fornece, alimentação especial, cestas básicas e realização de exames", enumera.
O Lar de Maria tem, em média, 70 voluntários, entre os que doam seu tempo, dinheiro e fazem outros tipos de doações. São atendidas em de 200 a 300 crianças, mensalmente, mas esse número é rotativo, porque varia em função de cada tipo de tratamento. Até o momento, já foram atendidas mais de dez mil crianças ao longo da existência da Rede Feminina no Piauí.
REGRAS - Para que uma criança seja atendida no Lar de Maria, é preciso que ela se enquadre em algumas regras, como: Não ter nenhum parente em Teresina, não ter condições financeiras e ser paciente do Sistema Único de Saúde (SUS). A triagem é feita pelas assistentes sociais do Hospital São Marcos.
São crianças de zero a 18 anos, com direito a uma acompanhante. A acompanhante, em contrapartida, cuida da criança, ajuda na limpeza da Casa, é responsável pela organização do quarto que ela dorme, têm as mesmas refeições que as crianças e não pagam nada no Lar.
CASO - O caso que mais chamou a atenção de Lenora Capelo foi o de uma criança de três anos que chegou ao Lar de Maria com um tumor na perna e foi submetida a vários tratamentos e cirurgia. Mesmo assim, o tumor teve uma recidiva e com o passar o tempo, teve que ser amputada a perna da criança. "Nós conseguimos aposentar essa criança, que hoje é uma mulher. Ela não tinha pai nem mãe e nós construímos uma casa para ela, no interior de São Pedro do Piauí e hoje ela é uma pessoa curada, casou e tem dois filhos. Ela é uma prova viva, de que vale a pena a gente lutar e fazer a diferença na vida dessas pessoas", afirma.
A maioria das crianças atendidas pelo Lar de Maria é do Piauí, mas tem também crianças de várias outras regiões do Brasil. "A gente sobrevive com 100% do telemarketing que temos do Lar de Maria, cofrinhos e doações de trocos, em supermercados e de doações de empresários, pessoas físicas, campanhas que realizamos durante o ano", observa Lenora Campelo.
Ela diz ainda que o Lar não dispõe de verbas federal, estadual nem municipal. Quem quiser ajudar o Lar de Maria, pode fazê-lo através de doações, que podem ser feitas no próprio local, e não só com dinheiro, mas também com produtos de higiene, fraldas descartáveis, hidratantes, brinquedos. "Precisamos, constantemente, buscar doações, porque nossas despesas não são fixas e as doações, também não", lembra a diretora do Lar. O Lar de Maria fica localizado na Avenida São Raimundo, número 1000, bairro Piçarra, zona Sul de Teresina -CEP: 64017-090.