Cambistas vendem ingressos do Rock in Rio 600% mais caro

Ingressos para o festival chegam a custar mais de cinco vezes o preço original

Os 600 mil ingressos para o evento foram esgotados em apenas três dias | Divulgação
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Dez anos após a sua terceira edição, o Rock in Rio está de volta à Cidade Maravilhosa e, junto com ele, um velho problema que já virou rotina em grandes eventos que tem o Rio de Janeiro como palco: a atuação de cambistas. Com os 600 mil ingressos esgotados em apenas três dias, é possível encontrar quem venda um dia de show por até R$ 1.100, enquanto o preço oficial era de R$ 190 (R$ 95 meia entrada).

O delegado da Decon (Delegacia de Defesa do Consumidor), Maurício Luciano de Almeida e Silva, explica que é preciso uma legislação mais eficiente para combater o crime de cambismo e conta que não é raro prender um mesmo cambista mais de uma vez.

- A pena para o crime é muito pequena. A pessoa tem apenas o prejuízo de perder os ingressos. Apesar de o crime estar previsto na lei de economia popular, quem realiza é levado para delegacia, assina um termo de compromisso e pode sair pela porta da frente.

Com as brechas da lei, o serviço do cambista é fácil e lucrativo. Conseguir um ingresso não é uma tarefa difícil, basta ter dinheiro e coragem para se arriscar. Isso por que a organização do evento não se responsabiliza por convites vendidos fora dos pontos oficiais. Para encontrar o "mercado negro" não é preciso nem sair de casa, basta um clique e dezenas de ofertas aparecem na tela do computador.

Sites de leilão como o Mercado Livre e Viagogo oferecem anúncios de ingressos por até R$ 1.100, enquanto os preços oficiais eram de R$ 190 para entrada inteira e R$ 95 para meia. Já na negociação com os cambistas tradicionais, é possível encontrar ?ofertas? mais atraentes. Um dos vendedores cobra R$ 400, com a taxa de entrega para o Rio de Janeiro já inclusa. Se você escolher ir buscar na zona oeste da cidade, é possível conseguir um desconto de até R$ 30.

O delegado Silva conta que é preciso um controle maior na venda de ingressos. Para ele, o caso do cambista preso em maio mostra como a própria organização do festival falha no controle de venda dos bilhetes. Na ocasião, um funcionário do banco patrocinador do evento foi preso vendendo ingressos por preços abusivos.

O funcionário, que foi pego em flagrante com 30 ingressos, se aproveitou da facilidade de ter desconto e parcelamentos especiais para lucrar vendendo os bilhetes dentro da agência em que trabalhava no bairro de Vila Isabel, na zona norte.

O bancário comprou os ingressos por R$ 142, e tentava vendê-los por R$ 450. Cada funcionário do banco foi autorizado a comprar 36 ingressos, com desconto de 20% e parcelamento em até seis vezes. Após serem apreendidos, os ingressos foram enviados para perícia e ficam à disposição da Justiça.

Em junho, policiais cumpriram três mandados de busca e apreensão na sede da empresa Nameaction Brasil Serviços de Internet, em São Paulo, que é responsável pelo site Viagogo, onde estavam sendo vendidos ingressos para o Rock in Rio com valores de até R$ 1.100. Durante a ação foram apreendidos $17.450 dólares, documentos, um computador e agendas.

O delegado Maurício Luciano explicou que, em outra ação, os agentes conseguiram rastrear e tirar do ar o site, mas os criminosos, para dificultar a ação da polícia, criaram outro endereço eletrônico com um provedor estrangeiro, que impede que a página seja tirada do ar.

R7 tentou comprar ingresso

Durante a matéria, uma produtora do R7 tentou comprar ingresso com um cambista já conhecido no Rio e que atende pelo nome de Pará. O vendedor, que cobra R$ 450 por cada bilhete, só negocia dependendo da cara do cliente, já que tem medo de ser denunciado ou alvo de policiais. Pará contou ao R7 que, para conseguir as entradas, teve que pagar propina.

- Esse país só funciona com diesel, gasolina ou álcool, se não botar não anda. Para comprar só através de propina, não tem jeito. Os ingressos ficaram na mão dos tubarões, ninguém conseguiu comprar.

A quarta edição do Rock in Rio acontece no Rio de Janeiro nos dias 23, 24, 25, 29 e 30 de setembro e 1º e 2 de outubro. Entre as diversas atrações estão Red Hot Chili Peppers, Coldplay, Motorhead, Elton John, Rihanna, Katy Perry, Claudia Leitte, Capital Inicial, Metallica, Shakira, Lenny Kravitz e Skank.

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