As buscas por vítimas e sobreviventes do rompimento de uma barragem da mineradora Vale foram retomadas na manhã desta segunda-feira (28) em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Até agora, 58 mortes e 305 desaparecidos foram confirmados pelas autoridades.
Neste quarto dia de buscas, 136 militares de Israel vão reforçar os trabalhos de resgate. Eles se juntam a cerca de 270 brasileiros de vários órgãos que atuam na região da tragédia.
A barragem de rejeitos se rompeu na sexta-feira (25) e ficava na mina de Córrego do Fundão. A lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo da empresa. Entre as vítimas estão moradores locais e funcionários da Vale.
Buscas
O tenente Pedro Aihara, porta-voz dos bombeiros de Minas Gerais, afirmou que o refeitório - onde estavam trabalhadores da Vale no momento do rompimento da barragem - provavelmente foi arrastado pela lama e pode ter ido parar a "até quilômetros à frente".
Segundo o porta-voz dos bombeiros, no sábado foi encontrado o local onde ficava uma pousada em Brumadinho. Com o impacto da lama, a pousada foi varrida do local, onde agora "só tem lama". Estima-se que havia 35 pessoas no local.
Ainda segundo o porta-voz dos bombeiros, não está definido quanto tempo os israelenses vão atuar na região e que uma reunião nesta manhã vai alinhar os trabalhos.
Golan Vach, coronel que lidera as tropas israelenses que ajudam nos trabalhos, afirmou que a prioridade é encontrar pessoas com vida. Ele explicou que sonares serão usados para tentar localizar vítimas. Segundo ele, os equipamentos conseguem achar corpos que estejam a até 4 metros de profundidade.
Em entrevista na manhã desta segunda-feira, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou que o apoio dos militares de Israel vai "aumentar muito a chance de encontrar novos sobreviventes" e dar mais "agilidade para encontrar vítimas". O governador afirmou que a preocupação é achar os sobreviventes e vítimas e que "donativos não tem feito diferença para melhor".
O número de mortos deve aumentar, segundo o tenente coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais. Em entrevista, ele afirmou que há corpos dentro de um segundo ônibus soterrado perto do centro administrativo da Vale em Brumadinho. A quantidade de vítimas dentro do veículo, no entanto, não foi confirmada.
Por causa da localização do ônibus soterrado, as autoridades haviam decidido não suspender as buscas durante a madrugada. No entanto, o alto volume de lama impediu que os trabalhos continuassem. As buscas foram interrompidas na noite de domingo e foram retomadas por volta das 4h desta segunda-feira (28).
Também na noite de domingo um avião com 136 militares e 16 toneladas de equipamentos enviados por Israel chegou ao aeroporto de Confins. Os israelenses passaram a viagem planejando os trabalhos. No aeroporto em Confins, os estrangeiros se reuniram com equipes que comandam os resgates em Brumadinho.
O que se sabe até agora:
Dos 58 mortos confirmados, 19 foram identificados;
192 sobreviventes foram resgatados;
Entre as 305 pessoas desaparecidas, há moradores locais e funcionários da Vale. No sábado, a mineradora divulgou uma lista com nomes de pessoas que não foram encontradas;
Familiares de desaparecidos buscaram informações no IML de BH. Uma força-tarefa foi formada, mas a identificação dos corpos é difícil;
Bombeiros divulgaram lista de 183 nomes de pessoas que foram achadas vivas ;
A Vale já teve três bloqueios de recursos, de R$ 1 bilhão, e dois de R$ 5 bilhões e recebeu multas no total de R$ 350 milhões;
A Vale suspendeu bônus a executivos da empresa e pagamento de lucros a acionistas e criou 2 comitês para acompanhar a tragédia;
As Polícias Federal e Civil abriram inquéritos sobre o rompimento;
O presidente Jair Bolsonaro, ministros, o governador Romeu Zema e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge sobrevoaram a área e prometeram ações de investigação, punição e prevenção;
A ONU emitiu nota de pesar e ofereceu ajuda nos esforços de busca;
O Instituto Inhotim, que fica em Brumadinho, ficará fechado até dia 31.