Vânia Prisco, a jovem de 29 anos que passou por um procedimento para aumentar o glúteo, já está internada há cinco meses e já passou por 58 cirurgias. Vânia aplicou acrílico em pó em uma clínica em Ricardo de Albuquerque, na zona norte do Rio, com uma técnica de enfermagem. Após o procedimento a jovem ficou deformada. De acordo com a mãe da jovem, Rosângela Prisco, as cirurgias foram feitas para retirar o produto e para fazer enxerto de pele no local. O caso está sendo investigado pela delegacia de Ricardo de Albuquerque (31ªDP). De acordo com o inspetor Jorge Alberto, o inquérito só será concluído quando sair o resultado da perícia feita no material apreendido na clínica onde Vânia fez o tratamento.
O inspetor disse que o pedido para que fosse feita a perícia na clínica foi feito em junho, mas apenas em outubro eles conseguiram que o mandado fosse expedido e a perícia fosse feita.
Em entrevista, em agosto, Vânia disse que a técnica de enfermagem que fez o procedimento acabou com a vida dela..? Ela acabou com a minha vida. É imensurável o que ela me causou, é muita tristeza. Tem dias que acordo melhor, mas tem outros que passo a manhã chorando. Parei a minha vida por causa disso. Não posso trabalhar, não posso malhar, não posso ficar em casa com a minha família.
Rosângela Prisco disse que a filha está triste. Vânia é formada em direito, mas ainda não possui a carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). De acordo com Rosângela, a filha trabalhava em um escritório com o irmão e o tio.
Em setembro, Cecília Tavares, técnica de enfermagem que realizou o procedimento em Vânia prestou depoimento na delegacia de Ricardo de Albuquerque e disse que ganhou experiência em procedimentos estéticos após trabalhar por anos com cirurgiões plásticos. De acordo com o titular da 31ªDP, Jorge Zahra, a suspeita foi denunciada por Vânia e mais cinco mulheres. De acordo com ela, o procedimento foi feito apenas em cinco mulheres. Ela também negou ter se apresentado como médica ou major do Exército, e sempre deixou claro que era técnica de enfermagem.
Cecília também afirmou que o procedimento deu errado porque Vânia não seguiu as recomendações dela e nem a dieta. ? Como ela quer que fique bom se ela não seguiu a dieta recomendada? Logo após o procedimento, ela viajou ao Peru e comeu comidas condimentadas. A Vânia me disse que ela teria comido um quilo de chocolates na véspera da prova da OAB.
Vânia rebateu as acusações de Cecília e afirma que a suspeita não lhe recomendou nenhuma dieta. A vítima também disse que já viajou para o Peru apresentando sintomas de que algo não ia bem no local da aplicação do produto. De acordo com Zahra, a falsa médica foi denunciada pelo o Cremerj (Conselho Regional de Medicina) por prática ilegal da profissão, mas ao ser investigada na época, nada foi encontrado.
Rosângela Prisco disse que a filha deve passar por uma nova cirurgia nesta quinta-feira (31). De acordo com ela, o estado de Vânia é estável. Ela disse ainda que a filha está tomando antibióticos contra uma bactéria que contraiu no hospital, mas o caso não é grave. Os médicos tentarão fazer enxertos novamente quando a jovem estiver livre da bactéria.
Vítimas de erros médicos ou até de falsos profissionais, cariocas têm sofrido com deformações após tratamentos estéticos malfeitos. Até a princesa gay do Carnaval do Rio já foi uma das vítimas. Bárbara Sheldon colocou 600 ml de silicone há dois anos. Após este período, ela começou a sentir febre e dores no seio direito. A situação piorou quando a prótese começou a vazar. Sheldon tentou atendimento público, mas a espera por uma cirurgia demoraria por volta de um mês. Ela chegou a fazer uma campanha na internet para pedir ajuda. A troca das próteses custava R$ 6.000.
Em 2011, a diarista Girleide da Silva sofria com os efeitos colaterais causados por uma aplicação de silicone industrial nos seios. Ela pagou R$ 60 a um travesti por 12 seringas com o conteúdo do produto. O sonho de aumentar os peitos acabou virando um pesadelo. A região ficou infeccionada e ela teve de passar por tratamento.
O motorista Carlos Antônio Costa também teve problemas de saúde depois de colocar silicone industrial nas partes íntimas. Há quatro anos, ele não consegue manter uma vida sexual saudável. Insatisfeito com o corpo, ele aplicou cerca de 200 ml de silicone industrial no pênis, o que custou R$ 500. Costa diz que, na época, o silicone teve resultado positivo, mas depois as dores foram surgindo. Hoje, ele se arrepende e já realizou uma cirurgia para retirar o material do corpo. Mas nem todo o produto foi retirado. Para especialista, uma nova cirurgia dificilmente resolveria o problema.