Os hinos - o da Independência e o Nacional - foram feitos em épocas em que a língua portuguesa era mais rebuscada. E essa é uma das explicações para tanta palavra difícil que existem nas composições. Mas não é a única: um hino é criado para louvar, ressaltar a importância, por isso quanto mais adjetivos e expressões, digamos, elegantes, melhor.
Nas ruas, parte da população até se esforça, mas quase ninguém se lembra que o Dia da Independência tem um hino. E quando se lembra, não se recorda da letra. A repórter Michelle Barros saiu por São Paulo, com um músico que adora hinos para testar a memória dos brasileiros.
Faz muito tempo. Para você ter uma idéia, foi D. Pedro I quem fez a música do Hino da Independência, pouco depois do 7 de setembro de 1822.
A tarefa de aprender o hino ficou nos primeiros anos de escola. A gente até lembra, se puxar bem pela memória.
Eliezer Setton é um músico que se especializou em cantar hinos ao violão. ?É um trabalho com acompanhamento de musica popular, por isso que eu digo que são hinos à paisana, porque não está com o acompanhamento tradicional da banda marcial, que é uma coisa belíssima. Porém, eu estou notando que com esse trabalho, com a linguagem de música que toca no rádio, as pessoas ouvem com mais facilidade e começam a prestar atenção na letra do hino, tirando ela de dentro daquele amalgama que é a versão marcial do hino?, afirma o músico.
Então, primeiro vamos entender a letra. ?Tem umas palavras bem difíceis, como ?os grilhões que nos forjava, da perfídia?, Nunca procurei no dicionário o que é perfídia?, diz uma mulher.
E é essa mesma dificuldade com o Hino Nacional.
Os hinos - o da Independência e o Nacional - foram feitos em épocas em que a língua portuguesa era mais rebuscada. E essa é uma das explicações para tanta palavra difícil que existem nas composições. Mas não é a única: um hino é criado para louvar, ressaltar a importância, por isso quanto mais adjetivos e expressões, digamos, elegantes, melhor.
?Tem uma jogada intencional de atribuição de significados complicados, de utilização de palavras complicadas, porque o hino pretende que o cantar crie uma experiência comum. Essa experiência comum compartilhada materializa, supostamente, uma alma da nação?, explica João Paulo Pimenta, professor de história da USP.