Brasileiro acusado de espancar ex nos EUA foge para o Brasil

Vítima diz ter ficado em cárcere privado e ter sido agredida por mais de 12 horas.

| Montagem/R7
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O empresário Daniel Tavares Gouvea, de 24 anos, acusado de espancar a ex-namorada Isabelle Sant’ana Gonçalves, de 21 anos, em Orlando, nos Estados Unidos, fugiu para o Brasil para escapar da Justiça americana.

Isabelle diz que ele também ameaçou de morte a família dela. Em agosto, a Justiça da Flórida expediu ordem de condução coercitiva, já que Daniel não compareceu à audiência. Ele admite as agressões, mas nega as demais acusações.

Gouvea foi preso em março do ano passado pela Polícia de Orlando, um dia após as agressões contra Isabelle. Ele responde na Justiça da Flórida a cinco acusações, que incluem agressões graves e posse de maconha. Poucos dias depois de pagar a fiança de R$ 55 mil, ele deixou os Estados Unidos.

Montagem/R7

Ainda segundo a polícia, as agressões envolveram um pedaço de pau, socos, cusparadas e tentativa de estrangulamento.

“Ele me bateu com esse pau de madeira, bateu a minha cabeça no chão, na parede, puxou meu cabelo por todo o quarto", disse Isabelle Gonçalves.

Segundo Isabelle, o relacionamento durou pouco mais de dois anos. A noite de terror vivida por ela teria sido o ponto final após meses de abusos físicos e psicológicos. A universitária conta que conheceu Gouvea na faculdade em Orlando, na Flórida, quando ele teria se apresentado como ex-jogador de futebol.

“Ele era um príncipe. Me agradava em todas as formas, e fazia tudo para me proporcionar segurança, parecia até estar vivendo em um sonho. Com o tempo, ele começou a ser agressivo, mas ele sempre me fazia me sentir culpada no final”, afirma.

A universitária explica que as agressões aumentaram quando Gouvea se mudou para a casa em que ela morava. Isabelle conta que foram quatro meses de pavor.

“Eu estava completamente infeliz e tentei várias vezes sair do relacionamento, mas ele não deixava. Quebrava a casa toda, me ameaçava com faca. Até nosso cachorro ele ameaçou matar”, lamenta.

Agressões

Os hematomas no corpo de Isabelle, registrados em fotos, retratam a violência que a jovem diz ter sofrido naquela noite. Ela afirma que na tarde de 20 de março havia decidido pôr um fim no relacionamento abusivo. Ao falar sobre o término, as agressões começaram.

De acordo com o relatório da Polícia de Orlando, Gouvea teria agredido a ex-namorada com um pedaço de pau no joelho esquerdo, cuspido e desferido vários socos no rosto de Isabelle. Ele também a teria agarrado pelos braços e batido a cabeça dela contra a parede, além de ter tentado estrangulá-la.

Isabelle contou à polícia que as agressões começaram à tarde e atravessaram a noite. Segundo o relatório, Daniel trancou-a na casa e confiscou o celular dela para que não chamasse a polícia. Isabelle, que é claustrofóbica, ficou trancada no banheiro por horas.

“Eu só me lembro que chegou uma hora que eu estava implorando para ele parar até porque eu não conseguia nem mais andar direito de tanta dor. Ele parou. Mas na madrugada ele voltou a me bater de novo e a única coisa que o fez parar foi quando eu tive que ter relações sexuais com ele”, denuncia Isabelle.

Na manhã seguinte, a universitária convenceu o agressor de que precisaria ir até a faculdade por causa de uma prova. Lá, após nova discussão entre os dois, professores e estudantes chamaram a polícia. Segundo o relatório feito pelos policiais, o brasileiro foi preso em uma rodovia. Na mochila dele, os policiais encontraram 17 gramas de maconha.

Cinco dias depois de ser liberado, Gouvea fugiu para o Brasil. Mesmo após a mudança repentina, Gouvea seguiu perseguindo Isabelle e praticando abusos psicológicos. Após o falecimento de sua avó, segundo ela, Gouvea chegou a publicar uma foto durante a missa de sétimo dia. “Tão perto, mas tão longe. Saudades de você”, escreveu ele, em inglês.

“Eu tentei escapar uma vez, mas quando ele me viu escapando, ele veio com várias facas e não me deixou sair da casa”, disse Isabelle Gonçalves.

Outro lado

Daniel Tavares Gouvea foi procurado desde a última quinta-feira, 10 de janeiro. Ele não quis conceder entrevista e também não respondeu aos questionamentos enviados por e-mail, por intermédio de um advogado apontado por ele no Brasil.

Em conversa com a reportagem, nesta segunda-feira (14), Daniel admitiu ter cometido as agressões, mas argumentou que elas não tiveram a gravidade relatada pela vítima e presente nas acusações. Ele negou também que tenha forçado a ex-namorada a fazer sexo.

O advogado dele nos Estados Unidos, James F. Feuerstein, respondeu, por nota. Disse que “não é do interesse do meu cliente expor seu caso na imprensa, seja no Brasil ou nos Estados Unidos” e que aconselhou Daniel a não falar com a imprensa.

“Eu também acredito firmemente no direito do meu cliente de ser considerado inocente de todas as acusações, até que ele seja condenado por um júri”, completou.

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