Brasileiras gastam 12% do salário mínimo com cigarro

Quase 10 milhões de mulheres fumam no país

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Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (31) pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) indica que as mulheres brasileiras gastam, em média, 12% do salário mínimo com cigarros. O dado foi obtido com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) de 2008 e o valor do salário na época (R$ 415). Atualmente, 9,8 milhões de brasileiras são fumantes

O dado é preocupante porque no Brasil os maiores índices de tabagismo estão justamente na população menos escolarizada (25,7%) e entre as pessoas de menor renda (19,9%), incluída a população que ganha até um quarto de salário mínimo.

Liz Almeida, gerente de divisão de epidemiologia do Inca, diz que esse dinheiro poderia ser usado para outras coisas.

? No caso das mulheres de baixa renda, elas podem estar abrindo mão de outros itens fundamentais como alimentação e cuidados pessoais.

Por razões hormonais, as mulheres estão mais sujeitas às doenças relacionadas ao tabaco. As fumantes correm risco de problemas como infertilidade, câncer de colo de útero, doenças cardiovasculares e respiratórias, menopausa precoce, cólicas menstruais e problemas durante a gravidez. Além disso, as mulheres estão sujeitas a uma combinação perigosa, do uso de cigarro e pílula anticoncepcional, que facilita a formação de coágulos e torna as usuárias mais suscetíveis a problemas graves como trombose e acidente vascular cerebral.

Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que 20% dos 1,3 bilhão de fumantes do planeta são mulheres. O problema é que, enquanto entre os homens o índice de tabagismo está estável e parece ter atingido seu ápice, entre as mulheres ainda há um aumento significativo. Em metade dos 151 países analisados pela organização, as garotas jovens já fumam tanto quanto os garotos.

Por isso, a OMS escolheu o assunto Gênero e Tabaco com Ênfase no Marketing para Mulheres como tema para o Dia Mundial Sem Tabaco, hoje.

No Brasil, o índice de brasileiros que fumam vem caindo nas últimas décadas, passando de 33% em 1989 para 15% em 2008, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas um grupo específico preocupa os especialistas: as jovens e adolescentes, que têm experimentado o cigarro mais do que os meninos.

Uma pesquisa feita pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) com 2.829 alunos de escolas públicas de São Paulo mostra que as meninas já estão fumando mais que os meninos. O levantamento apontou que 10% dos estudantes dos ensinos Fundamental e Médio fumam - desse total, 61% são garotas e 39%, garotos. E 59% delas usavam o produto no período entre um a três anos.

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