O título designado ao Brasil de “maior consumidor de agrotóxicos do mundo” foi motivo de discordância durante o Fórum Internacional Inovação Para Sustentabilidade na Agricultura, realizado pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF) em parceria com a Crop Life Latin América.
O professor doutor da Unesp, Caio Carbonari, ressaltou a importância de informar corretamente sobre o uso e os riscos dos defensivos agrícolas. Ele enfatizou que, por muitos anos, se propagou que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, mas o pesquisador afirma que o dado deve ser observado por outros fatores como área plantada e área cultivada.
O principal dado sobre uso de agrotóxicos é o da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) feito pela consultoria de mercado Phillips McDougall. O trabalho é utilizado como referência tanto pelas indústrias do setor agroquímico, quanto por especialistas da área e ambientalistas.
O relatório compara o valor investido em pesticidas nos 20 maiores mercados globais em 2013. A pesquisa mostra que, naquele ano, o Brasil foi o país que mais gastou com agrotóxicos no mundo: US$ 10 bilhões. Estados Unidos, China, Japão e França ficam, respectivamente, nas posições seguintes.
O Brasil aparece em primeiro lugar em número absoluto, mas segundo o especialista, o país ocupa o 7º lugar em uso de defensivo agrícola por hectare de área cultivada e fica em 13º quando se analisa o consumo de agrotóxico por volume de produto agrícola.
“O dado que coloca o Brasil na primeira posição em número absoluto não reflete a realidade e não comunica absolutamente nada, além de ser baseado em um dado equivocado, pois quando se divide o consumo de agrotóxico brasileiro pela área plantada você dilui esse volume gigantesco e isso faz com que o Brasil fique lá embaixo no ranking”, esclarece.
Caio Carbonari frisou, por fim, que o uso de agrotóxicos no Brasil, expresso em US$/ha ou US$/t produzida, é inferior ou da maioria dos países relevantes ao ponto de vista agrícola. O evento abordou ainda o papel das agrotecnologias na segurança alimentar e o uso de defensivos.