Ele deveria se transformar numa buchada, prato t?pico da culin?ria nordestina, mas acabou virando atra??o na cidade e ganhando fama nacional e at? internacional. Bode Bito, o famoso bode de Riach?o do Dantas, a 99 km de Aracaju, vai ganhar est?tua com direito a pedestal na entrada da cidade e solenidade de inaugura??o.
O animal morreu no dia 29 de julho e esta ser? a homenagem da cidade ao bicho que mais ajudou a divulgar a pequena Riach?o do Dantas, de apenas 20 mil habitantes. "Assim que o bode morreu solicitei na C?mara que a prefeitura constru?sse um busto do animal. Foi um pedido do povo como uma forma de deixar a marca dele na cidade. Bode Bito se foi, mas a sua hist?ria ficar? para sempre", justifica o vereador Jos? Edson de Almeida (PR), autor do requerimento no Legislativo.
O prefeito de Riach?o, Laelson Menezes (PCdoB), mandou confeccionar a est?tua na Para?ba. A obra foi constru?da em concreto armado e ficar? exposta no trevo de acesso ? cidade. A solenidade de inaugura??o vai acontecer no dia 9 de setembro durante o desfile c?vico dos estudantes do munic?pio. "A inaugura??o da est?tua vai estar inserida na programa??o oficial da prefeitura, com direito, inclusive, a discurso", antecipa Menezes.
"Acho uma homenagem justa. Hoje, se voc? acessar a Internet e digitar Bode Bito vai encontrar milhares de imagens e v?rios sites com a hist?ria dele. Isso tudo ajudou a propagar o nome de Riach?o", afirma o servidor p?blico Abra?o Moreira Lima.
Um animal diferente
Mas qual a raz?o para um animal ganhar uma est?tua no ponto mais nobre de um munic?pio? Bode Bito era um caprino diferente. N?o gostava de viver preso junto a outros animais da sua ra?a nem de comer ra??o ou capim. Andava solto pelas ruas e cultivava amizades com as pessoas, que se acostumaram a v?-lo entre uma casa e outra atr?s de um agrado. Gostava de biscoitos, balas e milho.
Bode Bito ganhou fama mesmo por gostar de participar de vel?rios, passando toda a madrugada em sentinela junto com familiares e amigos do morto, e a acompanhar os enterros e prociss?es religiosas. N?o perdeu um sepultamento ou prociss?o nos seus 20 anos de vida.
"Acredito que ele fazia isso n?o por saber distinguir o que era um vel?rio, mas por gostar de estar entre uma aglomera??o de pessoas. Ele se sentia bem naquele meio porque muitas vezes sa?a um lanche e as pessoas o serviam. Isso tudo atraia a sua aten??o", conta o comerciante Jo?lio Gon?alves de Ara?jo, ex-dono do animal.
Segundo o ex-propriet?rio, Bode Bito se mostrou ser um animal diferente aos poucos. O caprino foi adquirido a um feirante que o levou para a feira de Riach?o.
"Comprei o bode para engord?-lo e fazer uma buchada. S? que com o decorrer do tempo ele passou a se comportar diferente. Gostava de beber leite em uma vasilha que deixava aqui na cal?ada e de comer milho. Depois ele passou a acompanhar as pessoas e com isso ganhar o carinho da popula??o. Com o tempo fiquei impossibilitado de mat?-lo para fazer a buchada", lembra Jo?lio Ara?jo.
Bode virou ator
Na cidade o animal ganhou at? uma festa, a Festa do Bode, que esse ano chegou ? sua oitava edi??o. Em outubro do ano passado foi mais longe e virou hist?ria no cinema. A ex-vice-prefeita da cidade, F?tima G?es, dirigiu o document?rio "Deu Bode", que foi um dos 40 selecionados pelo projeto Revelando Brasis, do Minist?rio da Cultura. Idealizadora da festa, ela promete manter a tradi??o anual, mesmo com a morte de Bode Bito. "? o m?nimo que podemos fazer", alega.
Existem muitas hist?rias envolvendo o bode de Riach?o, mas poucas se destacam como a sua pris?o, determinada pela ju?za da cidade em 1998. A magistrada baixou uma portaria proibindo os donos de animais de soltar seus bichos pela cidade. Cavalos, bois e caprinos deveriam ficar presos, sob pena de pris?o do propriet?rio. "Tive que prender Bode Bito no pasto. Como as pessoas sentiram a falta dele, vinham aqui em casa para visit?-lo. Ele n?o gostava de ficar preso e j? estav