Blackface: Professor de academia cometeu ato racista em festa junina

Na cidade de Blumenau, o professor se “fantasiou de negro” durante uma festa na academia em que ministra aulas.

Na foto é possível observar o professor usando blackface enquanto tirava foto com colega | Reprodução - Foto: Internet
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Na manhã desta segunda-feira (26), durante uma festa junina em uma academia localizada na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, a fantasia de um dos participantes gerou muitas críticas e discussões sobre racismo, nas redes sociais. O homem em questão era um professor do estabelecimento que estava usando na ocasião um vestido, e cometendo o ato de blackface, ao ter pintado o rosto e mãos de preto.

O caso em ocorreu durante uma festa junina promovida por uma academia da cidade de Blumenau. Por conta da época festiva de São João, além da música e das comidas típicas, os funcionários do estabelecimento foram fantasiados de “caipira”. Porém, um dos professores acabou escolhendo utilizar o blackface, onde além de pintar o rosto e as mãos com uma tinta preta, o homem também usou roupas pretas nos braços para simular a cor da pele negra.

Após a divulgação das fotos nas redes sociais do estabelecimento e dos próprios participantes da festa, as mesmas acabaram ganhando uma ampla repercussão negativa e receberam muitas críticas. Nos comentários era possível ler frases como: “Blackface não é entretenimento”, escreveu uma mulher. “Inaceitável blackface em pleno 2023. Espero que estudem, entendam por que isso é ofensivo e repassem aos professores e alunos, é o mínimo”, digitou outra internauta

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No começo da tarde de hoje, segunda-feira, algumas horas depois das fotos terem sido publicadas na internet, a academia resolveu apagar as postadagens, além de divulgar uma nota se desculpando publicamente. Nela, assumiram o erro, pediram desculpas pelo ocorrido e afirmaram repudiar “qualquer forma de racismo, discriminação ou desrespeito racial”.

“Nós erramos e pedimos desculpas! Nós, como equipe da academia, assumimos a total responsabilidade pelo ocorrido e lamentamos profundamente qualquer desconforto, dor ou ofensa causada. Estamos comprometidos em aprender com essa situação e tomar medidas para garantir que isso não aconteça novamente em nossos eventos. 

Entendemos que palavras não são suficientes para reparar o dano causado, mas queremos enfatizar nosso compromisso em evoluir, aprender e trabalhar para garantir que todos se sintam acolhidos e respeitados em nossa academia. Continuaremos a ouvir e aprender com a comunidade, a fim de promover uma mudança efetiva e duradoura. Agradecemos a compreensão e o apoio de todos vocês. Estamos aqui para ouvi-los, aprender com nossos erros e trabalhar em conjunto para promover uma mudança positiva”, escreveram em nota.

PORQUE O ATO É CONSIDERADO RACISMO

A palavra “Blackface”, originalmente em inglês, se refere ao ato de cobrir o rosto com tinta preta, para fazer referência a uma pessoa negra. A origem da palavra remete à história americana do início do século XIX, um período em que o regime escravocrata ainda era considerado legal. A prática, em si, tinha o objetivo de ridicularização de pessoas negras, para que pessoas brancas pudessem se entreter.

Protagonizados por atores de pele branca que pintavam o rosto de preto, os espetáculos “humorísticos”, representavam pessoas negras em situações vexatórias, reproduzindo formas específicas de falar e agir. À época, os negros não podiam frequentar ou participar de espetáculos teatrais. Em decorrência dessa origem da “brincadeira” ser sempre pautada no racismo, com o passar dos séculos, o ato de cometer blackface, foi considerado por movimentos negros e entidades ligadas aos direitos humanos, como uma prática considerada racista.

Em uma entrevista à CNN, Waleska Miguel Batista, pesquisadora, advogada e doutoranda em direito político, explicou sobre como essa prática é ofensiva e coloca pessoas negras em uma posição de inferioridade. “Muitas dessas representações são carregadas de significado por remontarem ao período em que o negro era impedido de ocupar seu espaço nas artes. Além disso, existe o emprego de abordagens que colocam o negro como um ser inferior. O colocam como malandros e preguiçosos, como pessoas que não sabem empregar a norma culta da língua que falam”, alega.

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