Por Cecília Mendes
A Arquidiocese de Teresina vem, por iniciativa de Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, desenvolvendo o projeto Sucessores dos Apóstolos em Teresina. Este projeto publica dados biográficos e feitos do episcopado dos chefes da Igreja Católica em nosso meio. Foram editados os livros relativos a Dom Joaquim, Dom Otaviano e, recentemente, foi lançando o de Dom Severino.
A solenidade foi marcada pelo sentimento da gratidão. O Senhor Arcebispo expressou agradecimentos aos autores e à família Claudino, patrocinadora da riquíssima edição do livro Severino, que com este gesto homenageou Dona Socorro Claudino in memoriam. Ela, piedosa senhora e generosa benfeitora de sua igreja.
Severino Vieira de Mello era pernambucano, nascido em 1880 de um casal de agricultores da zona rural de Vitória de Santo Antão. Desde cedo mostrou inclinação para a vida religiosa, decerto influenciado por seu padrinho cônego Marcolino Pacheco do Amaral. Em Olinda aos 23 anos de idade ordenou-se padre. Depois de exercer funções de destaque na diocese de Olinda-Recife, foi vigário de Gameleira, Glória de Goytá e Caruaru. Sagrado bispo em 1923, veio, no ano seguinte, assumir o bispado do Piauí. Criou, mais tarde, as dioceses de Oeiras e Parnaíba e Teresina passou, no ano de seu centenário, a ser cidade arquiepiscopal e Dom Severino seu primeiro arcebispo. Ele, portanto, serviu à diocese do Piauí e à arquidiocese de Teresina durante 31 anos. Faleceu em 1955, aos 75 anos de idade e seus restos mortais se encontram sepultados na igreja catedral Nossa Senhora das Dores. Dom Severino foi um bispo muito respeitado e querido pelas famílias de Teresina. Era de caráter firme, virtuoso, trabalhador, observador, bom ouvinte, sereno, modesto e polido.
Livro contém biografia de Dom Raimundo de Castro
Registre-se que este livro especial também contém a biografia do cearense Dom Raimundo de Castro e Silva (1905-1991) que foi bispo auxiliar de Teresina de 1950 a 1954, quando foi nomeado bispo de Oeiras.
Os autores do livro Severino são o acadêmico e historiador Antonio Fonseca dos Santos Neto e o professor e pesquisador Paulo de Tarso Batista Libório. A ilustrar o texto de ambos a cuidadosa participação da grande fotógrafa Sandra Maria Lima e Silva.
Informações contextualizadas
Fonseca Neto, em linguagem erudita e original, optou por uma disposição do texto de modo que a biografia e ações de Dom Severino são simultaneamente contextualizadas com informações históricas, sociais e culturais de cada época. Por sua vez Paulo Libório num linguajar poético e afetivo enriqueceu a obra com descrição minuciosa de lugares, documentos, fotografias, objetos sacros e alfaias de uso pessoal de Dom Severino. O trabalho destes autores resultou numa rica obra de pesquisa, apoiada em dezenas de fontes, relevante e significativa contribuição para a História da Igreja piauiense.
Não resisti ao desejo de transcrever aqui belo trecho do início do discurso do professor Paulo Libório, um verdadeiro louvor ao objeto livro.
“Desejo fazer-lhes uma pergunta, que pela pequenez de sua lógica, nem merecia ser respondida. O que é um livro? Um museu de pensamentos que se agasalharam em letras inteligentes? Não. Um mausoléu de ideias adormecidas e envelhecidas? Não. Um raro volume do rico acervo de uma biblioteca famosa? Também não. Tudo isso é de uma pequenez tanta que desbota a policromia catequética de sua função. Todo livro tem uma função. Uma missão. É um elemento portátil de missionarismo. Afirmo que eles odeiam prateleiras, verdadeiros cárceres abertos que ninguém visita. Um livro lembra-me e muito um bebê carente que tem medo de ficar só: pede o colo das mãos acolhedoras do seu leitor; abrigo no coração de seu leitor; luz na mente de seu leitor. - Sabe o por quê? Ele tem medo do escuro. Ele existe para amenizar a penumbra de nossa ignorância.”
O livro Severino pode ser encontrado nas diversas paróquias de Teresina.