Nesta quinta-feira, um tribunal no Vietnã sentenciou à morte uma magnata do setor imobiliário por um dos maiores casos de fraude do país, com danos estimados em US$ 27 bilhões (R$ 136 bilhões, na cotação atual). O júri rejeitou todos os argumentos da defesa de Truong My Lan, executiva da imobiliária Van Thinh Phat, acusada de cometer crimes e prejudicar o Saigon Commercial Bank (SCB) ao longo de uma década.
O QUE DISSE A DECISÃO DO JÚRI? "As ações dos acusados (...) minaram a confiança do povo na liderança do Partido (Comunista) e do Estado", afirmou a decisão do júri, noticiada pela imprensa estatal.
JULGAMENTO DUROU 5 SEMANAS: A empresária está detida desde outubro de 2022. Além de Lan, outros 85 réus estiveram envolvidos no caso, incluindo ex-chefes de bancos, ex-funcionários do governo e ex-executivos do SBC. O julgamento ocorreu ao longo de cinco semanas no sul da cidade de Ho Chi Minh.
SOBRE AS ACUSAÇÕES: Lan e os outros 85 réus foram acusados de uma ampla gama de crimes, que incluem suborno, abuso de poder, apropriação indébita e violação das leis bancárias. A empresária é suspeita de desviar US$ 12,5 bilhões, porém os promotores afirmaram na quinta-feira que os danos totais causados pelo esquema chegam a US$ 27 bilhões, o que representa 6% do PIB do Vietnã em 2023.
EMPRESÁRIA CULPOU SUBORDINADOS: A empresária negou veementemente as acusações, atribuindo a culpa aos seus subordinados. Tanto ela quanto os demais réus foram detidos como parte de uma ampla campanha nacional contra a corrupção. Durante sua declaração final ao tribunal na semana passada, ela insinuou ter considerado o suicídio.
"Em meu desespero, pensei na morte", declarou Lan, segundo a mídia estatal. "Estou com tanta raiva por ter sido estúpida o suficiente para me envolver neste ambiente de negócios cruel, o setor bancário, sobre o qual tenho pouco conhecimento".
SOBRE A PENA DE MORTE NO VIETNÃ: A aplicação da pena de morte no Vietnã é comum em casos de tráfico de drogas, porém é pouco frequente em crimes financeiros. As estatísticas sobre a pena capital são consideradas segredo de Estado, mas de acordo com a Anistia Internacional, "numerosas" execuções são realizadas todos os anos no país.