A greve dos trabalhadores técnicos administrativos da Universidade Federal do Piauí (UFPI) já chega no 10º dia, sem grandes expectativas por parte dos funcionários. Devido a falta de negociação, o Sindicato dos Trabalhadores da Ufpi, através do Comando Local de Greve, decidiu durante toda a quinta-feira, 11, paralisar totalmente as atividades da Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castelo Branco, da instituição.
Dentre as reivindicações da categoria, há as 30h de serviços contínuo; remoção dos trabalhadores; contra o ponto eletrônico no Hospital Veterinário Universitário; política de capacitação e qualificação para os Técnicos Administrativos em Educação; fim do assédio moral e desvios de função, dentre outras.
A biblioteca central da Ufpi, que atende estudantes, professores e a comunidade em geral, foi cenário de mobilização e reivindicação de direitos, com exibição de faixas e cartazes, os trabalhadores tentam sensibilizar tanto a reitoria quanto o governo federal, para soluções imediatas.
De acordo com Daniel Rocha, técnico administrativo da Ufpi de Parnaíba, dentre as pautas, está a recomposição da inflação no salário dos funcionários. “Uma das pautas, que é unificada com os demais servidores públicos federais, é a recomposição da inflação no salário desde 2011, que dá hoje 7,5% de reajuste, isso só para recompor a inflação, sem nenhum aumento salarial. O que acontece é que está aumentando a inflação e os nossos salários estão congelados”, explica.
O funcionário destaca, também, que a reitoria tem feito os funcionários terceirizados desviarem funções na ausência dos titulares, por conta da greve. “O que vem acontecendo também é que, por falta de diálogo, o que está acontecendo é que os terceirizados estão sendo obrigados a assumir nossos trabalhos. E a gente também reclama essa situação, não vamos deixar que a terceirização invada os espaços de trabalho”, pontua.
Sobre a terceirização, Juliane Teixeira, funcionária da Ufpi, afirma que o movimento grevista não é contra a terceirização, mas, sim, contra as condições precárias dos trabalhadores.
“Nós fazemos um debate totalmente contra a terceirização. A gente acha que isso enfraquece a universidade. Até porque os próprios terceirizados têm condições ainda mais precárias do que a nossa. Com a greve, o trabalhador terceirizado fica pressionado a assumir nosso lugar, senão ele é demitido. A gente não é contra o trabalhador terceirizado, mas, sim, em defesa do trabalhador que é explorado”, esclarece.
Paralisação da biblioteca deixa alunos insatisfeitos
Muitos alunos têm se mostrado compreensíveis ao movimento grevista, no entanto, devido a privação de acesso ao acervo da biblioteca, os alunos têm se mostrado insatisfeitos. Dentre eles, está o estudante da Ufpi, Lucas Barbosa, que acredita que a manifestação para lutar por direitos é necessária, no entanto, não tem como os estudantes da instituição não passarem por essa situação ilesos.
“Apesar de a paralisação ser válida, por reivindicar mais direitos para os servidores, acaba prejudicando os alunos também, que precisam ter acesso constante ao local como fonte de pesquisa para trabalhos, artigos e tudo. Porque o acervo é muito grande e a nossa necessidade de leituras também e, de repente, quando isso para, existe todo um transtorno”, afirma o estudante.
Segundo a assessoria do Sindicato dos Trabalhadores da Ufpi (Sintufpi), a paralisação total da biblioteca ocorreu apenas na quinta-feira, 11, e explica que o acesso à biblioteca foi suspenso para estudo, devolução de livros e novos empréstimos, mas garante que amanhã as atividades serão normalizadas e que os estudantes que não realizaram a devolução do livro não pagarão multa.