O caso de um bebê de cinco meses que quebrou a perna ao cair do colo da dona de um berçário foi parar na polícia, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana. Segundo os pais da garota, a dona do estabelecimento se identificou como mãe da criança ao levá-la a uma unidade de saúde para ser socorrida. A mulher nega que tenha mentido.
A proprietária do estabelecimento carregava o bebê quando teria tropeçado e sofreu uma queda. Em seguida, levou a criança ao Centro de Assistência Integral a Saúde (Cais) do Setor Nova Era, onde, segundo os pais, teria se apresentado como mãe. No relatório médico apresentado pela família consta informação que diz ?a mãe relata que tropeçou na rua?.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Aparecida de Goiânia (DPCA).
Segundo a dona do berçário, em momento algum perguntaram se ela era ou não a mãe do bebê. ?Eles colocaram por conta própria?, afirma. A empresária justifica que levou uma ficha do berçário para obter informações sobre a criança. Para ela, o fato de necessitar da ficha demonstra que ela não teria omitido sua identidade. ?Não existe uma mãe que não saiba os dados de uma criança e há a necessidade de levar uma ficha de berçário?, afirma.
A mãe conta que só ficou sabendo do fato quando uma assistente social entrou em contato com a família. A assistente desejava saber por que a garota não tinha retornado ao Cais, já que a médica que a atendeu tinha recomendado que a criança realizasse uma tomografia e retornasse ao local em até duas horas, o que não aconteceu.
Este é outro ponto contestado pelos pais. Eles afirmam que a mulher retornou ao berçário com a criança, ao invés de leva-la para realizar o exame. A dona do berçário afirma que isso não aconteceu porque ela não tinha a documentação da menina. Ao serem informados do que aconteceu, os pais do bebê a levaram a um hospital. Lá, uma radiografia constatou que o fêmur de uma perna da criança tinha quebrado.
Atendimento
Além de denunciar a dona da creche à polícia, os pais também denunciaram o atendimento médico no Cais. Eles querem que a médica seja responsabilizada por não ter examinado a garota melhor. ?Poderia ter ficado deficiente por causa de uma coisa que ninguém viu. A médica do Cais não viu nada?, afirma a mãe. A denúncia foi feita ao Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego).
Segundo a delegada que investiga o caso, Marcella Orçai, titular da DPCA, os funcionários da unidade de saúde afirmaram que não se lembravam da menina. Porém, dias depois, uma funcionária do Cais, que já tinha prestado depoimento, retornou à delegacia onde afirmou que foi orientada pela direção do local a esconder a verdade. ?Qualquer testemunha que compareça à delegacia, se omita a dizer a verdade ou diga mentira, pode estar inclusa no crime de falso testemunho?, afirma a delegada.
A direção da unidade de saúde afirmou que nunca orientou os funcionários a mentirem sobre os atendimentos realizados no local. Diz ainda que a mulher que levou a criança se identificou a todos como mãe do bebê. Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia informou que, nos casos de urgência, a apresentação do documento de identificação não é obrigatória.