Bebê baleado na cabeça no útero da mãe foi reanimado ao nascer

Antes mesmo de nascer, Bernardo foi vítima da violência que aterroriza os cariocas.

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A primeira imagem registrada de Bernardo ao vir ao mundo não tem laços, balões nem unicórnios coloridos. Em preto e branco, o primeiro registro da criança, que nasceu prematura de oito meses na madrugada do domingo passado, é um raios X de perfil que mostra a bala que perfurou o útero da mãe do menino e foi se alojar na cabeça do bebê. Uma lembrança indesejável, que mãe alguma gostaria de guardar ao lado do primeiro cachinho de cabelo cortado.

Antes mesmo de nascer, Bernardo foi vítima da violência que aterroriza os cariocas. A mãe dele, que prefere não ser identificada, foi baleada enquanto estava sentada na calçada de casa na comunidade Terra Nostra, em Costa Barros. Logo após a cesariana de emergência, o bebê precisou ser reanimado e intubado. Com apenas 2,2 quilos, Bernardo veio ao mundo com os pulmões ainda imaturos. Por isso, somente após três dias na UTI neonatal do Hospital municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, ele foi operado e teve a bala retirada da nuca, onde estava alojada entre o couro cabeludo e a calota craniana. Um milagre, segundo o chefe da Neonatologia do hospital, José Alberto Vieira.

O médico explicou que exames realizados no recém-nascido confirmaram que a bala não provocou danos cerebrais. Uma ultrassonografia feita na última quinta-feira mostrou que não há edema nem sangramento na cabeça do bebê. Assim como Bernardo, sua mãe também segue “clinicamente bem”.

O próximo passo é retirar a criança do respirador artificial. Para isso, os médicos já começaram a reduzir a sedação do recém-nascido e, aos poucos, estimulam Bernardo a respirar sozinho. Por meio de uma sonda, ele recebe alimentação.

Enquanto isso, a mãe do bebê também se recupera bem. Ela deve receber alta esta semana. A Polícia Militar afirmou que o 41º BPM (Irajá) não realizou operação em Costa Barros na noite de sábado, quando a mulher foi baleada. O registro de ocorrência foi aberto na 39ª DP (Pavuna) após a polícia tomar conhecimento do caso por meio de reportagem do EXTRA. Agentes estiveram no hospital e ouviram a mãe. De acordo com o delegado Rodrigo Barros, a mulher não esclareceu de onde partiu o tiro. Ele agora vai ouvir familiares e testemunhas.

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