O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central cortou hoje a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, de 3% para 2,25% ao ano. É o menor patamar desde o início da série histórica, em 1996. A decisão foi unânime. Este foi o oitavo corte seguido, o quarto anunciado neste ano, e ocorre em meio a preocupações sobre os efeitos do coronavírus no Brasil e no mundo.
"Neste momento, o comitê considera que a magnitude do estímulo monetário já implementado parece compatível com os impactos econômicos da pandemia da covid-19", justificou o Copom na ata da reunião.
O comitê também pontuou que reformas e ajustes fiscais são essenciais para permitir a recuperação sustentável da economia. "O comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia", acrescentou.
Ciclo de cortes começou em 2016
Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 12 cortes na Selic. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 6,5% ano. De maio de 2018 até junho de 2019, a taxa foi mantida no mesmo patamar. Foram dez encontros do Copom sem mudanças na Selic.
No final de julho do ano passado, porém, o Copom reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual, para 6% ao ano. Em dezembro, a taxa já estava em 4,5% ao ano. Em fevereiro deste ano, foi reduzida novamente, desta vez para 4,25%; em março, para 3,75%; e em maio, enfim, para 3%.
Juros ao consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos. ... E poupança rende menos Com os juros baixos, a poupança rende menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial). Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR.
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação ou tentar estimular a economia. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo. A meta é manter a inflação em 4% neste ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja: pode variar entre 2,5% e 5,5%. No ano passado, a inflação fechou em 4,31%, dentro da meta do governo para 2019. O índice de maio deste ano, o último divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ficou em -0,38%, a maior queda mensal de preços desde agosto de 1998 (-0,51%). Em 2020, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado é de -0,16%.