A auxiliar de enfermagem que usou perfluorocarbono ao invés de soro fisiológico nos exames de ressonância magnética que provocaram as mortes de três pacientes no Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP), está afastada do trabalho. Segundo a advogada que representa a profissional, de 20 anos, ela está abalada com o ocorrido em 28 de janeiro.
"Minha cliente está abalada com essa situação. É uma jovem e, nesse momento, está se restabelecendo de tudo o que está acontecendo nos últimos dias", explicou Ivânia Soares. Segundo a Polícia Civil, a auxiliar pode ter sido induzida ao erro, já que a empresa Ressonância Magnética Campinas (RMC) reaproveitava embalagens de soro para acondicionar o composto usado indevidamente. Além disso, o produto ficava no mesmo armário do soro fisiológico, apenas em gaveta diferente.
Sem revelar detalhes, Ivânia disse que a auxiliar não teve culpa e aguarda pela conclusão do inquérito policial. " Eu tenho plena convicção da inocência da minha cliente. Não temos qualquer sombra de dúvida com relação à isso", falou para endossar que a jovem foi induzida ao erro durante os procedimentos na clínica.
Falta Humana
O delegado José Carlos Fernandes explicou que o perfluorocarbono, utilizado para exames na região pélvica, sem contato direto com o paciente, não é solúvel no sangue - por isso não poderia ser injetado.
Entre as vítimas estão a administradora de empresa Mayra Cristina Monteiro, de 25 anos, que deixou uma filha de 4 anos. Também morreu o paciente de Santa Rita de Cássia, o zelador Manuel Pereira de Souza, de 39 anos, casado e pai de uma filha de 6 anos. O terceiro paciente é Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos.
Investigações
A polícia ainda não informou quem será indiciado no caso, mas espera concluir o caso até maio. Fernandes afirmou que tanto a responsabilidade dos funcionários, quanto do hospital e da clínica serão avaliadas individualmente. A partir de segunda-feira (29), ele pretende ouvir mais seis depoimentos e não descarta a chance de acareação entre as testemunhas.
MPT investiga
O Ministério Público do Trabalho (MPT) suspeita que a auxiliar de enfermagem envolvida no episódio não tinha registro em carteira de trabalho e investiga irregularidades trabalhistas. A Polícia apurou que a profissional havia sido contratada há dez dias, mas de acordo com a procuradora Catarina Von Zuben, na lista de profissionais enviada pela clínica ao órgão, não havia nenhum profissional recém-contratado, o que indica sonegação de informação.