O ator Bruno Miranda, que fez o Borat no programa "Amor e Sexo", afirmou ao GLOBO que foi ameaçado por uma empresa de turismo em mensagem enviada pelo Direct do Instagram, após ele criticar a estrutura no lago conhecido como Buraco Azul, no Ceará, onde um turista morreu afogado nesta segunda-feira. Em seu perfil na rede social, o artista relatou que tentou salvar o técnico em manutenção mecânica Uilgner Rodrigues, que submergiu ao mergulhar no local, e denunciou a falta de preparo para eventuais emergências.
"Me mandaram uma mensagem por Direct. Já mandei para o meu advogado para tomar as medidas possíveis. Não vou mudar minha viagem, não vou voltar e não vou embora por causa disso. Me falaram para eu ir embora hoje que era melhor para mim e que sabiam a pousada em que eu estava", disse. "Estou recebendo ameaças por uma denúncia virtual sobre estrutura, por causa de segurança", emendou.
Miranda reuniu prints das mensagens e encaminhou também a amigos policiais. O ator afirmou que vai registrar um boletim de ocorrência quando retornar ao Rio de Janeiro, onde mora.
A empresa responsável pelo local informou em comunicado que o lago ficará fechado nos próximos dias. O secretário de Meio Ambiente, Turismo, Indústria e Comércio, Marcelo Brandão Pessoa, confirmou ao portal "UOL" que o funcionamento está interrompido por tempo indeterminado. A Prefeitura de Cruz, onde fica a atração turística, disse em nota que se trata de "um empreendimento turístico de natureza privada, possuindo alvará de funcionamento e alvará sanitário vigentes, no que diz respeito às condicionantes ora existentes na legislação municipal".
"Com o local fechando, eles não vão ter turismo. O movimento vai diminuir. Em nenhum momento eles pensam na segurança dos clientes deles. Acho que o primordial é a segurança do ser humano. O lugar é muito lindo, mas tem que ter uma estrutura para suportar. As pessoas que trabalham com isso têm que pensar na segurança do cliente. Essas pessoas têm família", disse.
O ator, que passa férias com a esposa Mariana no Ceará, visitava nesta segunda-feira o Buraco Azul, na comunidade de Caiçara, zona rural do município de Cruz, quando percebeu uma movimentação atípica. Ele havia acabado de sentar para almoçar, por volta de 13h30. Ao ser informado sobre o acidente, mergulhou para ajudar nas buscas, junto a três salva-vidas e outros frequentadores.
De acordo com Miranda, a vítima ficou cerca de 20 a 30 minutos submersa. A baixa visibilidade em razão da água turva dificultou o resgate. Foram sucessivos mergulhos até que Rodrigues fosse encontrado, já desacordado.
"Nem de snorkel dava pra ver. Eu pulei para ajudar, teve um ciclo de pessoas ajudando, todo mundo que sabia nadar se prontificou, mas não tinha um cilindro", afirmou o ator. "Em vez de subir e descer, eles (salva-vidas) ficariam o tempo todo debaixo d'água fazendo o arrastão, para verificar a área completa. Seria bem mais rápido. Também pedi uma rede de pesca. Alguma coisa a gente pegaria. Pode não ser propícia ao salvamento, mas adiantaria."
Miranda relatou que faltavam outros equipamentos básicos e essenciais. Afirmou ainda que um piloto de uma empresa de taxi aéreo se negou inicialmente a transportar a vítima ao pronto-socorro, o que revoltou os presentes.
"Tinha um helicóptero que o cara disse que não ia levar, porque era de passeio e tinha que pagar", disse em vídeo publicado nas redes socias. Em nota, a empresa Jeri Voos Panorâmicos, que realiza passeios de helicóptero na região, disse que não possui autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para transporte aeromédico e que sua frota não conta com os equipamentos necessários para o serviço.
"Era uma emergência. Você não pode usar? A vítima não teve queda, era pulmão cheio de água. Não pode mexer no corpo?", questionou Miranda.