O ativista brasileiro Thiago Ávila chegou nesta sexta-feira (13/06) ao Brasil. Ele é um dos 12 tripulantes da Coalizão Flotilha Liberdade, interceptada por Israel quando ia na direção da Faixa de Gaza. A embarcação partiu em missão humanitária, com o objetivo de oferecer ajuda aos palestinos.
Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, Thiago foi recebido por um grupo de militantes pró-Palestina. Os apoiadores da causa o cercaram com cartazes de apoio ao país e bandeiras.
O líder explicou que vestia ainda o uniforme que lhe deram ao ser encaminhado a uma cela solitária, onde ficou por dois dias. Ele também afirmou que a representação diplomática que o auxiliou no momento da detenção foi extremamente solícita.
Como forma de protestar pela ação, Thiago fez greve de fome. Aos jornalistas, ele ressaltou que sua cela ficava em uma masmorra que aparentava ser muito antiga, mas que ele sabia que tinha apenas cerca de 80 anos. Além disso, a investida contra os tripulantes da flotilha não foi mais intensa por causa da presença da eurodeputada Rima Hassan.
Agressões
Em sua entrevista depois do desembarque, Ávila foi questionado sobre possíveis agressões que as forças israelenses podem ter infligido contra ele. Esboçando tranquilidade, respondeu que as violações de direito que sofreu, sobretudo, por ter projeção, são "uma fração" muito pequena em comparação às violências a que os palestinos são submetidos.
O ativista afirmou que Israel tentou fazer uma "manobra publicitária" para vender a impressão de que os ativistas estavam sendo bem recepcionados, ao mesmo tempo em que, na realidade, foram forçados a assinar documentos dizendo que tinham entrado na região de modo ilegal.
Ele esclareceu que não assinou nenhum documento e que as autoridades determinaram o banimento dele no país por um século.
Ideologia odiosa
Ávila acredita que o governo brasileiro deveria romper relações com Israel e entende que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia, inclusive, interpretar o cenário posto como uma oportunidade de sair ainda maior com esse gesto. Para Ávila, é urgente que o Brasil se desligue dessa "ideologia odiosa".
"Tudo que eles têm são suas armas, seu ódio, seu exército", declarou. Ao chegar ao aeroporto, ele se reencontrou com sua esposa e sua filha de sete meses. Sobre à cobertura midiática do conflito, Thiago disse estar ciente de que os repórteres pretendem contar a verdade, mas esbarram em posições contrárias de seus superiores nas redações. "Nem sempre as estruturas permitem [isso] aos trabalhadores", observou.
Ávila argumentou que é preciso separar antissemitismo de antissionismo e lembrar que há judeus em todo o mundo apoiando os palestinos e se opondo ao massacre promovido por Israel. Os povos já conviveram em harmonia, observou. "O imperialismo britânico e o sionismo destruíram esse sonho de viver em paz", observou.
Ele defendeu que todos se unam contra o que ele classifica como "o inimigo número 1", o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. A resposta que os opositores de Israel dão é a corrente de solidariedade, afeto, amor e a persistência, finalizou. (Fonte: Agência Brasl)