O cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa Bento 16, resistiu a pedidos para suspender um padre americano acusado de abusar sexualmente de crianças, segundo uma carta de 1985 que contém sua assinatura.
O Vaticano não quis comentar o conteúdo da carta nesta sexta-feira, mas um porta-voz confirmou ser mesmo a assinatura de Ratzinger.
"Ele admitiu ter molestado muitas crianças dizendo ser o Flautista de Hamelin [personagem do conto dos Irmãos Grimm] e disse que tentou molestar todas as crianças que se sentaram em seu colo", disse Lewis VanBlois, um advogado de seis vítimas de Stephen Kiesle, que entrevistou o ex-padre na prisão.
"Quando perguntado quantas crianças ele tinha molestado, ele disse "toneladas"."
A carta, obtida pela Associated Press, é o maior desafio para o Vaticano, que insiste que Bento 16 não teve nenhuma participação em barrar a expulsão de padres pedófilos durante os anos em que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Kiesle não foi encontrado para comentar o caso. William Gagen, advogado que o representou em 2002, não retornou uma ligação para comentar o caso também.
O documento, assinado pelo então cardeal Joseph Ratzinger, foi datilografada em latim e faz parte de anos de correspondência entre a diocese de Oakland, na Califórnia, e o Vaticano sobre a proposta de suspensão do reverendo Stephen Kiesle.
"A assessoria de imprensa não acredita ser necessário responder a cada documento tirado de contexto com relação a situações legais específicas", disse o reverendo Federico Lombardi. "Não é estranho que existam documentos com a assinatura do cardeal Ratzinger."