No período chuvoso, quanto mais arborizada é uma região, há mais chance de queda de galhos e árvores na zona urbana de uma cidade, um perigo real para pedestres e motoristas. No dia 17 de janeiro deste ano, uma idosa de 67 anos morreu e uma pessoa ficou ferida depois que uma árvore caiu sobre um quiosque situado no conjunto Santa Sofia, na região do bairro Mocambinho, na zona Norte de Teresina. O acidente ocorreu durante uma tempestade com ventania.
No mesmo mês, o vento também provocou a queda de uma árvore situada em um terreno na Avenida João XXIII, na zona Leste da cidade. Todo o quarteirão onde houve o acidente ficou sem energia elétrica e parte da avenida foi interditada.
Esses acontecimentos, segundo o assessor técnico da Secretaria de Estado da Defesa Civil (Sedec) e climatologista Werton Costa, poderiam ser evitados com a implementação de políticas públicas de monitoramento de plantio, poda e remoção de árvores que apresentam risco à população e à mobilidade de uma cidade.
Em entrevista ao programa Notícias da Boa, apresentado pela jornalista Cinthia Lages, Werton falou que é nítida a necessidade de implantar o Censo das Árvores, ferramenta que faz o registro de informações qualitativas e quantitativas sobre as espécies vegetais ocorrentes em uma determinada área. Esse serviço, segundo ele, poderia servir como medida preventiva de desastres envolvendo árvores na zona urbana.
“Teresina é uma cidade que tem poucos ventos, mas, de certa forma, quando temos os períodos dos temporais, a queda de árvores tem sido frequente. Nos tempos preocupantes, temos condições que precisam ser analisadas. A gente precisa fazer o censo das árvores, precisamos identificar que nós temos uma cobertura vegetal idosa e que essas árvores precisam ser substituídas dentro da legislação ambiental”, falou Werton.
Em Teresina, cabe à Prefeitura realizar o trabalho de recomposição arbórea e limpeza do espaço. Conforme o assessor técnico da Sedec, é preciso reforçar esse serviço e identificar as árvores com idade avançada e que já têm risco de queda em casos de ventania atípica, como vem ocorrendo na capital piauiense ao longo dos anos.
No panorama de prevenção de acidentes, o Werton está ajudando a construir um Atlas de Desastres Socionaturais do Piauí, um sistema de informação que busca facilitar a interpretação e o conhecimento das ameaças e vulnerabilidades ambientais.
“Esse material vai ser interessante porque permite não só o resgate de uma memória, mas vai ajudar no conhecimento dos episódios de ventos intensos. Isso está muito relacionado à questão do calor. O Brasil, de modo geral, tem ficado muito quente e os fenômenos termodinâmicos do ar têm proporcionado episódios de vendaval. Nos últimos cinco anos, parece que isso se avolumou, com ventos acima dos 60 km/h. Isso preocupa porque são fenômenos imprevisíveis olhando do ponto de vista da meteorologia, a gente identifica a condição de chuva mas não identifica a previsão da rajada com precisão. A legislação municipal deveria ser mais atualizada”, contou.