Em troca do IML, mãe enterra criança errada e vive três meses de drama

Mais de um mês após morte de filho, mulher descobre que sepultou outro bebê

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Buscando realizar o sonho de tantos imigrantes andinos que chegam ao Brasil à procura de uma vida melhor, em 2 de abril deste ano, Norma Parada deu a luz no Hospital Geral da Vila Nova Cachoerinha um garoto que batizou de Neymar, em homenagem ao jogador da seleção brasileira e ao País que a acolheu. Três dias depois, após uma alta questionável da maternidade, Neymar desmaiou e foi levado com urgência até o hospital, onde faleceu.

O atestado de óbito registrou como causa da morte "hipertensão intracraniana, hematoma subdural, agente contundente", aumentando as suspeitas da mãe, que afirma que o garoto faleceu pelo uso inadequado de fórceps durante o parto.

Norma registrou um boletim de ocorrência no 13º Distrito Policial (Casa Verde), na zona norte de São Paulo, onde o delegado requisitou que a criança fosse levada ao IML para elaboração de exames. Após o procedimento, o corpo de Neymar foi liberado para sepultamento, ocorrido no dia 4 de abril, no Cemitério da Vila Nova Cachoerinha. Norma estranhou a cor escura do corpo do garoto e a cabeça costurada, mas abalada, enterrou o filho.

A surpresa veio no dia 11 de maio, 68 dias após o enterro, quando Norma recebeu uma ligação do IML informando que o corpo que ela sepultou, não era o do filho, mas o de uma menina. Desde então, a boliviana vive o drama para conseguir a liberação do corpo de Neymar, que se encontra no IML Central de São Paulo. Segundo funcionários do instituto, a troca dos corpos só poderá ser feita mediante ordem judicial.

A advogada de Norma, Patrícia Vega, relatou que apesar dos esforços para agilizar os trâmites, sequer conseguiu cópia do ofício que, segundo Alexandre Ferrari, chefe de necrotério do IML central, teria sido encaminhado para o 33º Distrito Policial (Pirituba).

? Estive na delegacia e informaram que não há registro de nenhum ofício sobre o assunto. Fui orientada a ir ao 87º Distrito Policial, onde foi registrado o óbito da outra criança enterrada por engano, e tampouco receberam ofício algum.

Engano

A criança sepultada no lugar de Neymar era uma menina de um dia de vida que faleceu no dia 6 de abril no Pronto Socorro de Pirituba. A criança teria morrido devido a um aborto induzido pela mãe, uma mulher de 21 anos que ocultou a gravidez da família. Em boletim de ocorrência, a médica atesta o óbito da menina e afirma ter encontrado substâncias abortivas intravaginais.

Indagado sobre ter comunicado a troca para os familiares da menina sepultada por engano, o IML declarou que não informou por não ter o endereço e os dados da mãe. Segundo Alexandre Ferrari, o hospital onde a criança faleceu também teria informado não ter o endereço da família. No entanto, a reportagem constatou que o próprio Boletim de Ocorrência do 33º DP, que encaminhou o corpo da criança, registra todos os dados que o IML afirma desconhecer.

Passados 100 dias da morte, Norma Parada, que já vivenciou a morte do filho pelo que acredita ser um erro médico, agora vive o drama de não poder sepultar a criança.

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