Um mês após as fortes chuvas que causaram deslizamentos e enchentes e mataram 53 pessoas em Angra dos Reis, na região da Costa Verde do Rio de Janeiro, o movimento do turismo - principal fonte de renda da cidade - ainda não voltou ao normal. Para driblar os prejuízos e atrair turistas, muitas pousadas de Angra estão apelando para descontos e promoções.
Na madrugada do dia 1º de janeiro, deslizamentos de terra provocados por fortes chuvas atingiram casas do morro da Carioca, no centro de Angra, e da enseada do Bananal, na Ilha Grande. A Defesa Civil do município informou que, após a tragédia, não houve mais incidentes e que, após o tempo ruim do começo do ano, se seguiram dias de sol e muito calor.
As promoções chegam a até 40% dos preços normalmente praticados no verão. É possível encontrar diárias por pouco mais de R$ 100, quando os preços deveriam ultrapassar R$ 200. Mesmo assim, donos de pousadas ouvidos pela reportagem do R7, que preferiram não ter os nomes divulgados, estão pessimistas.
- Este ano vai ser muito difícil. Precisaremos reconstruir a imagem da ilha e reconquistar o turista nacional. Se conseguirmos zerar as despesas, já será muito bom. Temos menos de duas semanas para o Carnaval e não será fácil conseguir uma boa ocupação.
Monique Neto, da TurisAngra (Fundação de Turismo de Angra dos Reis), diz que a presença de brasileiros nas pousadas ainda está muito fraca, "embora os estrangeiros estejam visitando o município em número muito bom. Ainda não é possível calcular os prejuízos, mas já é possível visitar Angra e Ilha Grande com bons descontos".
A ACVB (Angra dos Reis Convention & Visitors Bureau) redigiu uma carta ao prefeito Tuca Jordão (PMDB) em que explica os problemas enfrentados pelo turismo e aponta para o perigo de demissão dos cerca de 15 mil trabalhadores que são empregados pelo setor.
Mas não é só o turismo que ainda sofre com a tragédia. Muitas famílias tiveram suas casas demolidas por estarem em áreas de risco e vivem com um aluguel social dado pela prefeitura, no valor de R$ 510, e em abrigos temporários construídos pelo município. Esses moradores ainda não sabem se receberão alguma indenização pela destruição dos imóveis.
A tragédia
As chuvas que atingiram a cidade na madrugada do dia 1º provocaram deslizamentos e deixaram 31 mortos na enseada do Bananal, na Ilha Grande e outros 21 no morro da Carioca, no centro de Angra. Em toda a cidade, 2.284 pessoas ficaram desalojadas. Outras 652 ficaram desabrigadas, indo para abrigos mantidos pela prefeitura.
O prefeito Tuca Jordão disse que os prejuízos provocados pelo temporal do dia 1º chegaram a R$ 217 milhões. O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira, anunciou no último dia 7 um repasse de R$ 80 milhões ao município.