A professora de libras Stefanny Corrêa, de 21 anos, que tentou fugir com a namorada, uma adolescente de 17 anos, no último domingo (30), confirmou que mantêm um relacionamento de um ano e três meses com a jovem.
Pelo telefone e por torpedos, a professora relatou que sofreu ameças de morte do pai da jovem ao sair da delegacia e, por esta razão, fica trancada em casa, no município da Serra, na Grande Vitória, Espírito Santo. Stefanny disse ainda que vai processar a mãe da sua companheira por ter sido agredida ao descer do ônibus com destino a São Paulo.
Na sexta-feira (28), a mãe da adolescente procurou a polícia para informar o suposto desaparecimento da filha. No sábado (29), a jovem entrou em contato com uma amiga e disse que estava com a companheira, mas não informou o local. No domingo (30), as duas tentaram embarcar em um ônibus com destino a São Paulo, na rodoviária Vila Velha. A polícia interceptou o veículo, Steffany foi detida, assinou um termo e liberada. A jovem, não identificada, foi levada para casa da família e na segunda-feira (1), viajou para o Rio de Janeiro para se afastar de toda a repercussão.
Nesta quarta-feira (3), durante, aproximadamente, quatro horas, a professora e a adolescente se comunicaram por meio de ligações telefônicas, torpedos e pelas redes sociais. A reportagem, em certos momentos, intermediou os contato entre as duas. A adolescente contou que foi para o Rio de Janeiro obrigada pela mãe e disse que ama a companheira.
?Eu a amo muito e sempre vou estar com ela?, disse a jovem. A professora pediu para avisar a companheira que estava bem. ?Diga que estou bem! Fala que eu amo ela muito?, disse Steffanny em um dos torpedos.
A professora contou que, desde o último domingo, tem medo de sair de casa. ?Meu dia a dia está sendo ficar trancada em casa o dia todo. Não posso sair por que fui ameaçada de morte pelo pai dela. Os pais dela já sabiam da gente há quatro meses e não aceitavam, por isso nos proibiram. Em nenhum momento induzi e seduzi a filha deles, a nossa relação continuará mesmo com isso tudo. Quando ela fizer 18 anos as coisas vão melhorar?, disse Stefanny, por torpedos.
O pai da adolescente, o policial militar Fábio Gomes, disse que em nenhum momento ameaçou a professora. ?Só quero a felicidade dela. Mas, se ela diz que eu a ameacei, terá que provar. Questões de ameças são sérias demais e por isso ela deve registrar oficialmente na delegacia. Ela tem que entender que as intenções dela com minha filha eram absurdas. Levar uma menor de idade sem o consentimento dos pais para outro estado é rapto. Essa professora, em nenhum momento, nos respeitou?, disse Gomes.
Stefanny disse que evita entrar nas redes sociais e não fala ao celular, já que está sendo vigiada pelos seus familiares, que também são contra seu relacionamento homossexual. ?Isso tudo poderia ser evitado se as duas famílias aceitassem. A minha família não aceita, mas é o que eu quero. Acredito que poderia ter sido diferente. Nossa história repercutiu muito e não precisava disso tudo?, desabafou.
Emprego
A professora contou que a ideia de ir para São Paulo foi do casal e não apenas dela, como disseram os pais. No outro estado, as duas ficariam na casa de amigos até conseguirem trabalho. De acordo com Stéfanny, para não serem localizadas com facilidade, ela e a adolescente tingiram os cabelos no sábado, para fugir.
De acordo com a polícia, a professora de libras vai responder criminalmente por ter induzido uma menor de 18 anos a fugir e pode pegar de um mês a um ano de detenção, se for condenada. Após esta determinação, a professora disse que perdeu o emprego que tinha na Secretaria Estadual de Educação (Sedu).
O governo do estado informou que a professora ainda será demitida, mas por outros motivos. Em nota, a Superintendência Regional de Educação (SRE) de Carapina, na Serra, informou que Stefanny, que trabalhava em regime de Designação Temporária (DT), descumpriu, desde agosto deste ano, o critério de assiduidade exigido nos editais de seleção. O órgão informou que o contrato da professora será rescindido, pois a frequência é fundamental na avaliação de desempenho do profissional.
Relacionamento
De acordo com adolescente, as duas se conheceram em uma igreja evangélica em Nova Almeida, na Serra. ?Acabou acontecendo, e a gente se envolveu muito. A minha família e da Stefanny são evangélicas e isso complica bem as coisas. Na sexta-feira, eu matei aula, e como cheguei tarde em Nova Almeia, fiquei com medo de voltar pra casa. Com a cabeça quente falei com ela que estava com medo e que não queria voltar para casa. Estávamos com a cabeça quente e fomos sem pensar nas consequências?, contou a jovem.