Após perder seus familiares, uma macaca do Parque Ecológico Urbano Rio Cuarto, na província argentina de Córdoba, está recebendo tratamento especial contra a depressão.
A macaca Loli (diminutivo de Dolores), que tem dez anos,, está sendo atendida com doses diárias de antidepressivos, além de alimentação adequada, aquecimento na sua habitação e companhia de especialistas e de voluntários em tempo integral.
Loli, de uma espécie conhecidos no Brasil como guariba ou bugio (Alouatta caraya), típica da América do Sul e da América Central, estava à beira da morte quando veterinários perceberam que seu silêncio e falta de apetite poderiam estar ligados a problemas psicológicos e não físicos. Eles pediram ajuda a psicólogos e psiquiatras que recomendaram o tratamento contra a depressão.
Seus três irmãos tinham tido os mesmos sintomas antes de morrerem logo após o falecimento das que seriam equivalentes a mãe e a avó do grupo.
"Os macacos realmente se parecem com os humanos", disse o diretor do Parque, Daniel Paoloni. Ele e a coordenadora do local, Miriam Rodríguez, disseram à BBC Brasil que o tratamento requer muita "atenção e paciência" já que é preciso "conversar muito" com a macaca para que ela não se sinta sozinha. "Tem sempre alguém pra conversar com Loli, para animá-la", disse Rodríguez.
Nos últimos dias, a macaca tem dado sinais de melhoras, segundo Paoloni e Rodríguez.
"Ela está cada vez melhor. Voltou a ter brilho no olhar", disse Rodríguez. Loli não abandonou, porém, um cobertor que costuma usar nas costas. "É como uma pessoa triste que precisa de casaco, de mais calor. E foi também por isso que levamos um aquecedor para a casa dela", disse Paoloni.
Os responsáveis pelo parque já começaram a fazer planos para a vida pessoal da macaca. "Agora que ela está melhorando estamos pensando que o ideal será ela ter um companheiro e construir sua própria família. Assim sua vida seguirá adiante", disse Rodríguez.
Perdas
As perdas familiares de Loli começaram em 2010. As duas fêmeas mais velhas, consideradas avó e mãe do "grupo familiar" de seu bando, morreram de velhice. A primeira em 2010 e a segunda no ano passado. Em seguida, os três macacos machos, que eram jovens como Loli, começaram a dar sinais de "desinteresse pela vida", afirmou Rodríguez.
"Eles fechavam a boca e não havia como estimulá-los a comer. Não saíam de casa e ficavam em silêncio. Foi muito difícil", disse. Os animais tiveram que ser alimentados com soro e ficaram dias na clinica que funciona dentro do parque.
"Mas morreram de tristeza. Não suportaram as perdas das macacas mais velhas, que eram as referências, as matriarcas do grupo", afirmou.
Rodríguez e Paoloni contaram que os macacos foram submetidos a vários exames para descobrir as causas de sua falta de alegria e apetite. "Mas todos os exames, como sangue por exemplo, davam que eles estavam muito bem de saúde. O problema é que se negaram a viver", disse Miriam.
Além dos exames médicos, os especialistas do zoológico realizaram análises da água e do solo para tentar detectar se havia alguma espécie de vírus ou outro problema que poderia estar afetando o comportamento dos animais. Mas todos os exames deram negativos.
O parque fica em uma região montanhosa, possui cerca de trezentas espécies, a maioria aves, e concentra animais que foram vítimas de tráfico ilegal, maus tratos ou estão ameaçados de extinção.