As obras da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Bairro Renascença III, zona Sudeste de Teresina, foram iniciadas em 2011, com a promessa de estar em pleno funcionamento no ano seguinte. Porém, em razão de problemas estruturais, a inauguração foi adiada por três anos, e vai acontecer no próximo sábado, como parte da comemoração dos 162 anos de Teresina.
Esta unidade conta com sala de raios X, três enfermarias, cozinha, copa, seis consultórios médicos e um consultório odontológico, além de salas de repouso, vacinação, inalação e observação.
Ao todo, foram investidos R$ 3,5 milhões para a construção do prédio, sendo R$ 2,5 milhões advindos do SUS e R$ 1,5 milhões como contrapartida da Prefeitura de Teresina. Com 12 leitos, esta UPA enquadra-se nas unidades de Porte II, e tem capacidade para atender até 300 pacientes por dia.
A reportagem foi ao local da obra, mas foi impedida de adentrar às dependências do prédio por um policial que fazia a segurança do local. Por trás de uma grade de madeira, Alone Sousa, Salatiel Soares e Antônio Mendes, que fazem parte do pessoal responsável pela limpeza do Hospital, contaram que o prédio está terminado, faltam apenas a instalação dos móveis.
Para a população, a nova unidade vai facilitar e muito a vida de quem mora por ali. Dona Francisca Rodrigues da Silva, de 67 anos, veio de José de Freitas para ficar mais próxima da família, e tem uma visão privilegiada da UPA, de cima do apartamento em que mora.
“Vai melhorar e muito para a gente. A gente está bem aqui, boazinha, mas tem dia que precisa, né?”, diz. “Eu tinha que ir lá para longe, no Hospital do Dirceu, tinha que pegar ônibus ou andar muito, agora vai ficar mais fácil”, relata.
A inauguração da UPA do Renascença III já teve outras duas promessas de inauguração. A primeira foi em 2012, que seria o prazo de finalização da obra, mas em decorrência de problemas com o terreno, os recursos disponibilizados na época não foram suficientes para a finalização do projeto.
Logo após as denúncias de que vândalos estariam depredando o prédio, o prefeito Firmino Filho visitou a Unidade, e prometeu a entrega do prédio em dezembro do ano passado, mas isso não aconteceu. A nova data é 30 de agosto.
"Vai ser uma inauguração parcial", diz liderança
Por outro lado, esta inauguração não garante que o hospital comece a realizar suas atividades. "Foi dado um prazo de 90 dias para o hospital funcionar após a inauguração", diz Raimunda Alves, presidente da AMPARE, que é a associação dos moradores que responde pelo Bairro Renascença III, Porto Rico I e a terceira etapa do conjunto.
Dona Raimunda conversou com a reportagem após uma reunião com os responsáveis pelo funcionamento da obra.
"Tem muita coisa incerta, muita informação desencontrada, um diz uma coisa e outro diz outra", declara. Sobre a inauguração, ela diz que será apenas o corte de uma faixa: "Vai ser uma inauguração parcial, vão só cortar a faixa, mas o funcionamento com o quadro de funcionários não vai acontecer de imediato", declara.
A Associação reivindica o funcionamento da UPA o mais rápido possível: "Enquanto isso, só quem sofre é o povo que precisa de saúde, porque depende da saúde pública.
Um hospital bonito daquele, grande, sem funcionamento ainda é muito triste. Mas estamos lutando para que o hospital seja realmente aberto e que funcione para ajudar a população que necessita de saúde pública de qualidade", afirma Raimunda Alves.
A reportagem buscou contato com a Fundação Hospitalar de Teresina para obter mais informações acerca do funcionamento da Unidade de Pronto-Atendimento, mas não obteve retorno até o fechamento desta apuração.
Unidades de PA fazem parte da Política de Urgência
As UPAs fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), desenvolvido dentro da Política Nacional de Urgência e Emergência, lançado pelo Ministério da Saúde em 2003.
Elas têm como objetivo simplificar o atendimento à população, dando acesso a urgências e emergências, como fraturas, febre, infarto e derrame.
Estas unidades devem funcionar durante 24 horas por dia, sete dias por semana, e prometem desafogar as filas de hospitais maiores, facilitando o atendimento dentro dos próprios bairros.
No caso de Teresina, as UPAs são uma alternativa para descentralizar os serviços do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), que frequentemente enfrenta problemas de superlotação.