A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu, na última segunda-feira (7), um alerta sobre o primeiro caso positivo no Brasil de um 'superfungo' chamado "Candida auris". O fungo é resistente a medicamentos e é responsável por infecções hospitalares. Com informações do Diário do Ne.
De acordo com a Anvisa, o Candida auris (C. auris) "é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública", diz em seu alerta. O alerta da Anvisa explica também que a infecção pelo fungo é resistente a medicamentos e pode matar. No planeta, estima-se que infecções fúngicas invasivas de C. auris tenham levado à morte entre 30% e 60% dos pacientes.
O fungo foi identificado segundo a Anvisa em uma amostra de ponta de cateter de paciente internado em UTI adulto em hospital do estado da Bahia. Logo depois da sua identificação, a amostra contendo o fungo foi estudada pelos Laboratórios Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (Lacen-BA), em Salvador e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Amostra passará por novos testes
A Anvisa disse que a amostra ainda passará por novos testes. O novo estudo vai verificar o perfil de sensibilidade e resistência e sequenciamento genético do microrganismo (padrão-ouro) até a confirmação oficial do caso. Enquanto o resultado dos novos testes não sai, a Anvisa pede o reforço da vigilância laboratorial do fungo em todos os serviços de saúde do Brasil, entre outras medidas de controle e prevenção para evitar um surto.
Fungo identificado pela 1ª vez no Japão
Nem todos os hospitais identificam o C. auris da mesma maneira. Às vezes, o fungo é confundido com outras infecções fúngicas, como a candidíase comum. Além disso, o C. auris é muito resistente e pode sobreviver em superfícies por um longo tempo.
Resistência a drogas
A resistência aos antifúngicos comuns, como o fluconazol, foi identificada na maioria das cepas de C. auris encontradas em pacientes internados nos hospitais. Sendo assim, essas drogas não funcionam para combater o fungo. Por causa disso, medicações fungicidas menos comuns têm sido utilizadas para cuidar das infecções, porém o C. auris também desenvolveu resistência a elas.
"Há registro de resistência à azólicos, equinocandinas e até polienos, como a anfotericina B. Isso significa que o fungo pode ser resistente às três principais classes de drogas disponíveis para tratar infecções fúngicas sistêmicas", afirmou o epidemiologista e microbiologista Alison Chaves, no Twitter.
Análises de DNA indicam também que genes de resistência antifúngica presentes no C. auris têm passado para outras espécies de fungo, como a Candida albicans (C. albicans), um dos principais causadores da candidíase (doença comum que pode afetar a pele, as unhas e órgãos genitais, e é relativamente fácil de tratar).