A californiana Reanna Leitaker havia desembarcado novamente no Rio de Janeiro há dois dias quando andava de bicicleta, na tarde de quarta-feira (13), no Arpoador, na Zona Sul do Rio, e foi assaltada. Agredida por um grupo de 20 pessoas, quase desmaiou antes de perder o veículo que usara para passear em países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra ? onde jamais havia sido roubada. Ficou impressionada com a ação, mas, sobretudo, com a polícia. Ou com a ineficácia dela. "Ninguém fez nada, isso me deixou mais chateada", lamentou.
Reanna chegou a entrar numa viatura para relatar o crime, mas, tão logo, foi avisada que dificilmente reaveria a bicicleta. Indicou o caminho por onde teriam fugido os criminosos, mas foi ignorada. Os policiais disseram que iriam investigar os vídeos dos prédios da Rua Francisco Otaviano, onde ocorreu a ação. Descrente da promessa, foi de prédio em prédio para tentar rever as imagens e identificar os criminosos. "Achei eles [PMs] preguiçosos. Eles não queriam fazer nada. Não confio na polícia daqui. Depois disso, nunca vou confiar", resumiu.
Pela segunda vez, a americana foi vítima de um roubo no Rio. Há dois anos, a turista ? hoje moradora ? aprendeu a limitar a rotina por conta da insegurança. "Assim que cheguei na cidade, levaram meu celular. Não sabia que não se pode andar na rua com o celular. Aí você vai conversando com as pessoas para aprender o que pode e o que não pode fazer", explicou.
Aos 29 anos, a consultora de contabilidade pode se dar ao luxo de viajar a trabalho. Dos amigos que fez na cidade, "quase todos foram assaltados". Ela, no entanto, já se diz carioca e quer ficar.
"Todos os brasileiros que conheço querem morar fora. E me perguntam: "por que você quer morar aqui? Tem violência, ladrão, corrupção..." É por causa das pessoas. Elas sabem como viver", respondeu.