O pai e o irmão de Davi Mota Nogueira, de 10 anos, que atirou em uma professora e em seguida se matou dentro de uma escola em São Caetano do Sul, no ABC, na quinta-feira (22), devem ser ouvidos pela polícia ainda nesta semana. Outros alunos da Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão também prestarão depoimento à polícia, que quer esclarecer o caso.
Nesta segunda-feira (26), a diretora da escola, Márcia Gallo, e a orientadora educacional Zeni Giraldi foram ouvidas pela delegada Lucy Fernandes, titular do 3º Distrito Policial da cidade. Psicólogos voltarão a se reunir nesta terça (27) com os professores para tentar encontrar maneiras de superar o trauma. Nesta segunda, o conselho que eles receberam foi de conversar bastante com os alunos.
A delegada afirmou que uma das psicólogas ouviu de um aluno, logo após o ocorrido, que aquela tinha sido uma "brincadeira que não deu certo". "Essa linha parece razoável. Seria até mais plausível, tendo em vista que ele era um bom menino", afirmou a delegada.
Segundo Lucy, os depoimentos ouvidos até agora reforçam a ideia do bom comportamento de Davi. "Não trabalho com a possibilidade de bullying ou que ele tenha sido vítima de outro tipo de violência", afirmou.
Os depoimentos continuarão durante a semana. Na quarta-feira (28), a delegada irá até à escola às 14h conversar com, no mínimo, cinco crianças - que tiveram seus nomes citados em alguma parte dos depoimentos - com a ajuda das psicólogas. Na quinta-feira (29), a professora Rosileide Queirós de Oliveira, que continua internada no Hospital das Clínicas, será ouvida no hospital. Já na sexta-feira (30), o pai de Davi prestará depoimento no 3º DP.
A polícia investiga se o aluno havia premeditado o crime. Professoras ouvidas na semana passada chegaram a dizer em depoimento que ouviram alunos comentarem que Davi tinha prometido matar Rosileide e se matar em seguida. Um desenho do aluno, no qual ele se retrata segurando duas armas ao lado de um professor, está sendo analisado por psicólogos. As aulas foram suspensas na escola e deverão ser retomadas na quarta.
Caso
O garoto da 4ª série do ensino fundamental entrou com a arma particular do pai escondida dentro da mochila, pediu para ir ao banheiro, retornou e disparou contra a educadora Rosileide Queirós de Oliveira, de 38 anos, que dava aula numa classe com mais de 20 alunos. Logo depois, atirou contra a própria cabeça. A tragédia ocorreu durante a tarde da última quinta, mas até agora a motivação do crime ainda é um mistério.
A arma usada por Davi é do pai dele, o guarda-civil Milton Nogueira, de 42 anos. Ele poderá ser responsabilizado criminalmente por negligência por não ter conseguido impedir o filho de pegar o revólver calibre 38 que guardava em casa.
Professora internada
Rosileide continuava internada em observação num quarto do Hospital das Clínicas em São Paulo. Ela não corre risco de morrer. Até a tarde desta segunda, ela sabia que quem atirou nela foi Davi, mas não tinha conhecimento do fato de ele ter se suicidado.