A pesquisa, que foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí ? FAPEPI, justifica-se por ser pioneira no município, bem como pela inexistência de dados locais a respeito da resistência bacteriana a biocidas de uso hospitalar. É também uma preocupação do grupo o desconhecimento de informações sobre de que forma o efeito dessas substâncias impacta o meio ambiente dos nossos rios, que têm uma população que se alimenta e sobrevive da pesca. Essas informações poderiam auxiliar, no âmbito das políticas publicas, sobre o uso da água e a responsabilidade do poder público em manter os rios com um mínimo de contaminação possível.
Um grupo de seis pesquisadores, entre e alunos e colaboradores do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Piauí ? UESPI, coordenados pela Pós-Doutora em microbiologia (UFMG) e professora da Instituição, Francisca Lúcia de Lima, descobriram a partir dos estudos desenvolvidos pelo projeto de pesquisa ?Susceptibilidade a desinfetantes de bactérias isoladas de afluentes da rede hospitalar na cidade de Teresina? a proliferação de bactérias cada vez mais resistentes aos desinfetantes despejados pelos hospitais, nos leitos dos rios da capital piauiense. Quando esses microorganismos entram em contato com o homem, inicialmente, podem causar infecções urinárias, doenças do aparelho respiratório, bem como o aparecimento de lesões na pele.
Segundo a professora Francisca Lúcia, a pesquisa, que teve início em abril do ano passado, encontra-se apenas na metade ?estamos ainda observando até que ponto esses microorganismos são resistentes aos desinfetantes, que possuem uma grande quantidade de produtos químicos, que normalmente eliminariam essas bactérias?. A professora se refere ao iodo, clorexidina e ao glutanoldeído. Ela explica que essas bactérias mais resistentes encontram-se especificamente em uma ?boca de esgoto? situada no Rio Parnaíba, nas imediações da Ponte da Amizade, um local de grande movimentação tanto de pescadores como de banhistas.
A pesquisa também põe em cheque a forma como a Agespisa vem tratando os esgotos da cidade. De acordo com o projeto, os resultados mostraram não haver diferenças significativas nas amostras isoladas antes do tratamento versus as amostras isoladas após o tratamento dos esgotos, indicando que o tratamento convencional de esgotos não constitui uma boa maneira de diminuição da contaminação dos cursos de águas por bactérias resistentes.