Aluno é indiciado após humilhar professor no Rio de Janeiro

Estudante responderá por corrupção de menores.

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Um dos jovens acusados de participar do vídeo que humilhou o professorThiago dos Santos Conceição, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (18), vai responder por corrupção de menores. Ele tem 18 anos e cursa, junto dos outros meninos, o 9º ano do ensino fundamental — cuja idade correta é 14 anos.

O delegado titular da 128º DP (Rio das Ostras), Carmelo Santalúcia, informou que, até agora, o rapaz também responderá por dano ao patrimônio público qualificado e desacato. Já os adolescentes, vão responder por fato análogo a estes dois delitos.

“Como a gente ainda não tem a palavra da vítima para saber se só houve aqueles fatos, eles vão responder até agora por esses três. O maior pode pegar até 9 anos de pena”, afirma o delegado Santalúcia.

“A gente soube que ele relatou ameaças à imprensa. Precisamos colher esse depoimento oficialmente e depois, com certeza, vamos incluir isso no procedimento policial. Precisamos saber quais foram as ameaças, quem falou e em quais circunstâncias”, completa.

A investigação da Polícia Civil começou após a repercussão de um vídeo mostrando jovens humilhando o professor Thiago, que dá aulas de português no Ciep Mestre Marçal. Nas imagens, um menino quebra o quadro, mastiga a prova de papel, rasga o atividade de um colega e atira um estojo na direção do docente. “Peraí que agora vai acertar”, retruca o aluno quando questionado pelo profissional se a intenção era de que ele fosse atingido.

Ele foi punido pela escola com dois dias de suspensão. Outros três jovens apontados como outros responsáveis pelo episódio não receberam sanções da escola.

O inquérito da 128ª DP (Rio das Ostras) já ouviu a direção da unidade e testemunhas. A polícia também fez ontem uma perícia na sala de aula, que observou o quadro quebrado pelo aluno, e pichações na parede, com símbolos de facções criminosas e desenhos de órgãos genitais masculinos.

O professor Thiago ainda não foi ouvido porque pediu um pouco mais de tempo. Ele não quer ir a Rio das Ostras nem para prestar depoimento na delegacia e pediu para ser ouvido em outro local, o que deve acontecer até segunda-feira. Depois, os acusados serão ouvidos.

“A gente precisa saber exatamente a acusação que eles vão responder para ouvir os alunos”, afirma o delegado de Rio das Ostras.

Os casos de violência são recorrentes no Ciep. Uma aluna pediu a transferência da escola nesta semana por causa dos recorrentes episódios de agressividade dos colegas. Uma professora da escola contou que o que aconteceu com Thiago foi uma “tragédia anunciada”.

“Não sei como ainda não mataram um de nós”, diz uma professora da escola.

O Ciep é a escola em área urbana de Rio das Ostras com o maior índice (18%) de professores com esforço elevado de carga de trabalho. Isso significa que um a cada cinco docentes da unidade tem, somados, mais de 400 alunos, em três turnos e pelo menos duas escolas.

A escola também tem problemas em relação ao número de alunos com idade-série defasado — ou seja, com pelo menos dois anos a mais do que a idade correta para aquela etapa escolar. Quatro em cada dez estudantes estão nesta situação.

A Secretaria municipal de Educação de Rio das Ostras realizou uma reunião na escola com os pais dos alunos da turma, a direção do Ciep e o secretário Maurício Henriques Santana. Ficou acertado que, a partir de agora, haverá um trabalho para tentar estabelecer um comportamento mais sadio entre os estudantes.

“Vamos buscar melhorias. Estabelecemos estratégias para melhorar o diálogo com os alunos através de uma série de oficinas para se discutir várias temáticas, começando pela questão da violência, com dinâmicas e atividades de reflexão sobre o comportamento que eles estão tendo, tiveram e o que eles devem ter como estudante e cidadão”, conta o secretário da cidade.

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