Um motorista da Agespisa ganha salário mensal de R$ 10.356,29, um telefonista R$ 5.969 mensais; um engenheiro de 75 anos, que deveria ter se aposentado de forma compulsória aos 70 anos, ganha R$ 37.603,66 por mês; um telefonista ganha R$ 5.969 por mês; e um advogado da empresa embolsa R$ 8.852 mensais.
Os altos salários pagos a alguns servidores fizeram com que a Agespisa seja a segunda concessionária de águas e esgotos no ranking das que pagam os salários mais altos do Brasil, perdendo apenas para a Companhia de Água e Esgotos de Brasília (Caesp), que fica em primeiro lugar, conforme o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS). A folha de pagamento de pessoal da Agespisa no ano passado foi de R$ 326 milhões, incluindo servidores terceirizados, valor superior à arrecadação total da companhia, que ficou em R$ 320,7 milhões em 2014.
“Quando nós estávamos na presidência da Agespisa, encontramos motoristas que ganham R$ 11 mil por mês. Um fato notório é que a Agespisa está em estado de falência, temos que mostrar sensibilidade em relação à situação dos servidores, mas a companhia não tem como pagar suas dívidas e o Governo Federal também quebrou e não há mais dinheiro para investimentos em saneamento”, declarou o ex-presidente da Agespisa, Antônio Filho, hoje integrante da Ouvidoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Ele afirmou que é preciso fazer investimentos em esgotos porque os municípios tendem para a verticalização e é obrigatória a implantação de um sistema de esgotos.
A Agespisa tem hoje 1.478 servidores, cuja idade média é de 56 anos e 51 funcionários que têm mais de 70 anos, que não se aposentam porque têm salários de R$ 5,8 mil a R$ 37 mil mensais e quando se aposentarem irão ganhar o teto salarial de R$ 4 mil mensais, pagos pela Previdência Social.
O déficit anual da Agespisa na comparação das despesas - que ficaram em R$ 473,136 milhões em 2014 – com a arrecadação total de R$ 320,734 milhões - é de R$ 152,402 milhões.
Os custos são maiores do que a média do setor. Com o déficit há dificuldades para realizar novos investimentos.
Antônio Filho acha que com o déficit e as dívidas, o Governo do Estado tem que destinar recursos para a Agespisa que deveria ser usada em outras áreas como educação e saúde. A Agespisa teve um prejuízo de R$ 75 milhões em 2014 e o patrimônio líquido negativo é de R$ 230 milhões.