As altas temperaturas alcançadas no Piauí durante o B-R-O-BRÓ, período que compreende os meses de setembro a dezembro, estão prejudicando até quem vive na água. O forte calor registrado nos últimos dias e a inexistência de chuvas provocaram o aquecimento do rio Poti e, diante da situação, a fauna aquática do curso de águas está morrendo.
Quem percebeu o problema foram os pescadores do Bairro Poti Velho, localizado na zona Norte de Teresina. Eles afirmam que a poluição do rio, aliada ao aumento da temperatura, está fazendo com que a pesca no curso de água se torne inviável. “Saímos cinco horas da manhã para pescar no Poti e quase não encontramos peixes. Eles estão morrendo”, afirma Denis Barros.
Denis é pescador há 15 anos e conta que, com o passar do tempo, a degradação ambiental no Poti só aumenta. O rio esverdeado, sujo, de mau-cheiro, repleto de canaranas e aguapés demonstra que a carga poluidora do Poti chegou em nível alarmante. “Eu percebo que o problema só piora. Temos que ir pescar no rio Parnaíba porque no Poti não é mais possível”, acrescenta Denis.
Entre as espécies mais comuns do rio Poti estão a branquinha, mandi, piaba e curimatá. A vendedora e também pescadora, Esmínia Ferreira, afirma que está tendo que comprar peixes em outras regiões para não ter prejuízo no bolso.
“Antigamente eu pescava, em um só dia, peixes suficientes para lotar uma caixa de isopor de 120 litros. Agora, os pescadores não conseguem encher nem uma pequena sacola”, relata Esmínia Ferreira. A percepção ambiental dos pescadores faz sentido. O professor do curso de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), José Ribamar Rocha, explica que o aumento da temperatura da água atrelada à poluição reduz o nível de oxigênio do rio e, consequentemente, a morte das espécies.
“A degradação do rio Poti é preocupante. A poluição através do lançamento do esgoto sem tratamento é a principal causa. Por conta desse esgoto despejado surge um fenômeno chamado de eutrofização, que é o aumento da matéria orgânica. Com a temperatura da água elevada, a proliferação de micro-organismos é facilitada e o oxigênio do rio é diminuído”, esclarece o professor.
Com cobertura de apenas 17% do esgotamento sanitário, a revitalização do rio Poti é um dos desafios da atual gestão da secretaria municipal do Meio Ambiente. Desde o início do mês de agosto, a pasta realiza a operação Pente-Fino no Poti, que tem como objetivo fazer o diagnóstico da situação de poluição do rio e acabar com alguns pontos de contaminação do curso de águas. A Semam também está fazendo a retirada dos aguapés e canaranas do rio. Com estrutura deficiente, apenas um barco-draga faz a remoção das plantas aquáticas.